Enquete realizada na tarde dessa quarta-feira na página do Facebook do Diário do Rio Claro apontou que 57% dos leitores são favoráveis à colocação de cerca no entorno de obras do patrimônio público histórico, a exemplo do que foi feito há anos no Anjo da Concórdia, que fica no Jardim Público. Outros 44% são contrários à medida, mesmo diante dos constantes atos de vandalismo.
Vale ressaltar que o resultado não tem valor estatístico e abrange parte do universo de leitores do Centenário.
O assunto veio à tona quando da ocasião do furto do busto do patrono da Escola Estadual Joaquim Ribeiro, esculpido em bronze pelo escultor Vilmo Rosada, no dia 16 de abril deste ano.
Outros furtos e vandalismo de monumentos históricos de Rio Claro também aconteceram nos últimos anos. De acordo com a Revista do Arquivo, um busto de Plínio Salgado também foi subtraído há anos.
Outro item produto de furto foi o busto de Ulysses Guimarães, que ficava na Praça da Liberdade. Nova peça foi colocada no local para substituir a homenagem.
A estátua da Diana – A Caçadora, na praça Central, também foi alvo da ação de criminosos. O objeto foi substituído e, em seguida, foi alvo de vândalos e desde então segue à espera de recursos para que seja restaurado, conforme informação da secretária de Cultura, Daniela Ferraz. “Já cotamos o restauro e a substituição e estamos esperando ter orçamento para isso”, disse a secretária.
PERTENCIMENTO
Para Daniela, a falta de “pertencimento” da sociedade com a cidade é o principal motivo para as depredações e furttos. “As pessoas só preservam e conservam aquilo que elas têm pertencimento, ligação”, enfatiza a secretária.
EDUCAÇÃO
O ex-diretor de Cultura e artista plástico, Renê Mainardi, acredita que é necessário um trabalho educativo para “alimentar fatores culturais e respeito ao patrimônio”. “Se o cidadão se sente como parte disso, o respeito virá naturalmente”, analisa ao destacar que os furtos são fruto da situação econômica do país. “As depredações também ocorrem por fatores econômicos”, diz.
Ele lembra que na gestão Du Altimari (MDB) a secretaria de Cultura sofreu com depredação da Diana e também com o Índio, que também fica no Jardim Público. “[O Índio] tentaram roubá-lo pensando que era de bronze e, na verdade, era de cimento, tanto que quando perceberam isso foi abandonado no local”, relembra.
Mainardi frisa que o mapeamento do patrimônio histórico de Rio Claro culminou na publicação do livro Praças Jardins, editado pelo Arquivo Público. Outra ação destacada foi a tentativa de organização do Conselho de Patrimônio.
CERCAMENTO
Mainardi disse ainda que é contrário à colocação de cerca no entorno do patrimônio. “Um exemplo da não necessidade disso se dá a partir de um trabalho que realizei quando pós-graduando em Gestão e Políticas Culturais pela Universidade de Girona, em cooperação com o Observatório Itaú Cultural, onde foi feito um mapeamento de degradação dos monumentos da Avenida Paulista [em São Paulo].
Relato que é pífio tal feito, pois existe uma identificação histórica dos mesmos, o que inibe, através da conscientização, a não degradação. A partir disso que reafirno que deveria existir uma política cultural e educacional na preservação do patrimônio”, finaliza.