Familiares de um paciente, de 84 anos, procuraram o Diário do Rio Claro e relataram a busca por uma vaga na Santa Casa. Segundo a filha do idoso, ele estava internado com pneumonia há uma semana na UPA do Cervezão.
“Idoso deve ter prioridade, o que não aconteceu, o caso se agravou”, salientou a mulher, dizendo ainda que o pai teve atendimento na UPA, porém, necessitava de outros cuidados.
Preocupada com a reabilitação do pai, ela procurou o setor de saúde. “Me disseram apenas que não podiam fazer nada, que é pelo CROSS”, relatou. “Ele precisava de uma vaga na UTI, ou semi UTI da Santa Casa, infelizmente, na tarde de quinta-feira, ele foi para emergência da UPA, foi sedado e entubado”, contou a filha. Entretanto, ao final do dia, o idoso faleceu.
CROSS é a Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde, serviço que é controlado pelo Governo Estadual e que regula diversos procedimentos e não somente o fornecimento de vagas, mas sim exames, medicamentos e cirurgias, por exemplo.
Questionada, a Prefeitura de Rio Claro informou, através de nota, que “a transferência do paciente dependia de vaga na Santa Casa de Rio Claro. Enquanto isso não acontecia, o paciente recebeu todos os cuidados necessários na UPA do Cervezão”.
Segundo secretária, número de leitos não atende demanda
A morte do idoso reacende o debate sobre o número de leitos no município. Recentemente, o Diário do Rio Claro trouxe uma matéria mostrando que, em 25 anos, Rio Claro teve aumento da população e redução de leitos.
Na oportunidade, em entrevista exclusiva ao Diário do Rio Claro, a secretária de Saúde, Maria Clélia Bauer, mostrou dados que exemplificam a redução nos últimos 25 anos, ainda que com aumento da população na região atendida pelos serviços que engloba, ainda, as cidades de Analândia, Corumbataí, Ipeúna, Itirapina e Santa Gertrudes, totalizando cerca de 262 mil habitantes.
De acordo com dados apresentados pela secretária, hoje a Santa Casa oferece ao SUS 20 leitos cirúrgicos, 15 clínicos, 22 obstétricos, 12 pediátricos, dois crônicos, um pneumologia sanitária, dois para psiquiatria. Em 1994, por exemplo, havia 54 leitos cirúrgicos, mais que o dobro do atual.
Segundo Clélia, hoje o PSMI conta com 20 leitos, isso quando são colocadas macas nos corredores. “Temos 13 leitos acomodados e o restante são macas colocadas no corredor quando há necessidade. É o que o PSMI comporta. Na UPA do Cervezão, temos 39 leitos e, na UPA da Avenida 29, são 19”, esclareceu. A secretária observou ainda que o PSMI, hoje, figura como a porta de entrada para a internação na Santa Casa, pois as UPA’s – segundo regulamentação – não podem abrigar pacientes por mais de 24 horas.
“A queixa da população hoje é quanto a ficar na porta do PSMI pois, quando está na UPA, entra em um processo de cuidado hospitalar e, posteriormente, é transferida ao PSMI para que a Santa Casa agilize as vagas”, observou.