Olá amigos. Escrevo da cidade de Hockenheim, no sul da Alemanha. É provável que a grande mídia dê destaque no Brasil, esta semana, ao um fenômeno astronômico que costuma atrair muita gente: um eclipse. Sexta-feira, a Terra vai estar entre o Sol e a Lua. Grosseiramente, a luz que vem do Sol encontrará pela frente a Terra que, dessa forma, fará uma sombra na Lua.
O legal dessa história é que podemos ver essa sombra, dependendo da posição que você estiver na Terra, claro. No Brasil, quanto mais ao Leste você estiver, melhor. Dentre as capitas, segundo o Observatório Nacional, Recife é quem terá as melhores condições.
Na região de Rio Claro o eclipse será visível? Sim, mas parcialmente e por pouco tempo. Pelo horário de Brasília, o eclipse começa às 16h30, quando ainda será dia na região, e termina às 18h13, já de noite. Informação importante: a Lua vai nascer na sexta-feira, para quem está na latitude de Rio Claro, 22 graus Sul, ao redor das 17h39 minutos.
Procure um local aberto, onde possa ver o horizonte, e de preferência de pouca luz.
Veja no link abaixo, do site na Nasa, os melhores lugares na Terra para assistir o eclipse:
https://eclipse.gsfc.nasa.gov/LEplot/LEplot2001/LE2018Jul27T.pdf
Como estarei aqui na Europa, na Hungria, minha posição é privilegiada. E lá será bem de noite, das 21h30 às 23h13. Melhor ainda. Esperemos que o céu não esteja carregado de nuvens. Pena não estar com o meu telescópio, amador, claro, mas razoavelmente equipado, que mantenho em um rancho na Serra da Cantareira, próximo a São Paulo.
Como mencionado, quem estiver na região sudeste do Brasil, onde se encontra Rio Claro, também terá acesso ao eclipse, ainda que não na mesma condição favorável de quem está na Europa e em boa parte da África.
Mas os brasileiros não perdem por esperar. Na noite de 20 para 21 de janeiro do ano que vem, portanto daqui a apenas seis meses, haverá outro eclipse total da Lua, como o de sexta-feira, mas pela trajetória dos astros a maior parte do Brasil vai estar em uma posição bastante favorável para acompanhar o fenômeno do começo ao fim. Nós vamos falar sobre o evento quando nos aproximarmos da data.
No caso específico do eclipse lunar de sexta-feira, há características bem interessantes, além do fato de ser total. Por exemplo, o tempo de duração, quase uma hora e quarenta minutos. Pelo que li no material que acesso regularmente sobre astrofísica e astronomia, a maior parte italiano, será o eclipse mais longo do século. A razão é que a Lua vai passar bem no centro da sombra gerada pela Terra, que tem o Sol atrás de si.
Outra curiosidade é que a luz do Sol passa pela atmosfera da Terra antes de, parte dela, atingir a Lua. E a exemplo do que acontece no pôr do Sol para nós, aqui na Terra, quando o horizonte fica avermelhado, a Lua também se tornará avermelhada, daí ser chamada de Lua de sangue.
Mais um aspecto positivo desse eclipse: ele é lunar, não solar. O momento das órbitas da Terra e da Lua fará com que a Terra fique entre o Sol e a Lua, como já explicado. Não é o caso de a Lua se posicionar entre a Terra e o Sol, ocultando a nossa estrela de nós e definindo um eclipse solar.
O que isso quer dizer? Podemos observar e curtir o eclipse lunar sem nos preocuparmos em usar nenhum equipamento de segurança, como óculos especiais, necessários para observamos o Sol nos eclipses solares. A Lua é inofensiva. Há quem a veja até com poesia.
Se você tiver um binóculo, melhor ainda, vai aproveitar mais a experiência. Uma luneta, opa, super legal também. Se for o caso de possuir um telescópio, então você irá se divertir de verdade. Obviamente, se as condições meteorológicas permitirem.
Nesse caso, estar no hemisfério Sul, como é o caso da região de Rio Claro, teoricamente tem vantagens. As chances de não haver nuvens são maiores. Sim, é inverno por aí, não? Já em Budapeste, onde estarei, verão bravo. É uma das cidades mais quentes que conheço nessa época do ano, o que também quer dizer maior possibilidade de chuva. Esperemos que não seja o caso para todos nós.
Por Livio Oricchio