O presidente Jair Bolsonaro (PSL) autorizou o emprego das Forças Armadas para auxiliar no combate ao incêndio da Amazônia, que já perdura há três semanas. O decreto presidencial foi assinado na sexta-feira (23) e prevê o uso das Forças Armadas até o dia 24 de setembro.
O assunto veio à tona quando a fumaça das queimadas na floresta amazônica atingiu a capital paulista na última segunda-feira (19). Em Rio Claro, o dia todo ficou nublado e causou diversas discussões nas redes sociais.
SANÇÕES
As queimadas resultaram em posicionamento de líderes do mundo todo. Nesse sábado (24), o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, colocou em dúvida a ratificação do acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul. “Apoiamos o acordo UE-Mercosul, que também implica a proteção do clima, mas é difícil imaginar uma ratificação harmoniosa pelos países europeus enquanto o presidente brasileiro permite a destruição dos espaços verdes do planeta”, afirmou Tusk em Biarritz, na França, onde a cúpula do G7 será realizada até segunda-feira (26).
ENTENDA
De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), houve aumento de focos de queimadas na Amazônia entre janeiro e agosto de 2019, em comparação com o mesmo período de 2018.
Segundo o órgão, ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia do governo federal, o bioma sofreu neste ano 41.332 focos de incêndio, contra 22.165 casos no ano anterior.
Já na Amazônia Legal (denominação para definir área da Floresta Amazônica que abrange os Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e parte do Mato Grosso, Tocantins e Maranhão), o instituto registrou mais focos neste ano. Foram 56.131 casos registrados de incêndio contra 33.632 no mesmo período de 2018.
HISTÓRICO
Na série histórica apresentada pelo INPE, os anos que registraram o maior número de casos foram 2004, com 275.645 focos, 2005 e 2007, que registraram 263.994 e 263.995 pontos de incêndio, respectivamente.
Durante todo o ano de 2018, o número de incidência foi de 90.408.
URGÊNCIA
Os governadores dos nove estados da Amazônia Legal pediram uma reunião de emergência com o presidente para tratar sobre as queimadas na região. O documento, divulgado na manhã desse sábado (24) pelo Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal, pede cooperação para o combate aos focos de incêndio e apoio material do governo federal para enfrentamento efetivo ao desmatamento e ações de fiscalização.
“A situação se agrava a cada dia, comprometendo a biodiversidade da região em razão da destruição de quilômetros de flora e da morte de milhares de espécies da fauna amazônica. Já se cogita, inclusive, que em algumas regiões as queimadas passarão a ser um risco real e imediato ao equilíbrio ambiental do planeta, impactando na integridade da saúde humana”, descreve o documento ao pedir em caráter de urgência uma reunião para tratar das parcerias necessárias para a construção de uma agenda permanente de proteção à área.
MANIFESTAÇÃO
Em Rio Claro, o coletivo “Se Rio Claro Fosse Nossa” realiza neste domingo, às 14 horas, no Lago Azul, ato em defesa da Amazônia, contra o desmatamento e os incêndios criminosos. A concentração da manifestação será feita ao lado da pista de skate.