Os 14 pontos no rosto do auxiliar administrativo Paulo Ricardo Rodrigues são resultado de um acidente que poderia ser evitado, caso um material muito perigoso não fosse utilizado: a linha de cerol. Na quarta-feira (31), ele foi atingido pelo produto cortante, quando voltava do serviço, chegando ao bairro Bonsucesso, mas a situação poderia ter sido ainda mais grave.
O corte foi perto dos olhos e, por alguns centímetros, ele poderia ter até perdido a visão. O rapaz conta que seguia de moto e, quando percebeu, colocou a mão na frente. “A linha subiu na parte da aba do capacete e começou a cortar. Deitei com a moto no chão e percebi o tanto de sangue.
Achei que tinha perdido a visão, porque eu não estava enxergando por causa de tanto sangue”, disse.
Ele precisou ser socorrido pelo Samu e foi levado para a UPA do Cervezão, onde foi feito o procedimento. “Agora estou bem, graças a Deus, mas traumatizado, estou indo trabalhar de carro, de carona, até voltar a coragem e poder conduzir moto”, admite.
OUTRO ACIDENTE
No ano passado, uma jovem, de 21 anos, também ficou ferida gravemente após ter o pescoço cortado por linha de cerol quando trafegava de moto pela região da Lagoa Seca do Cervezão.
CEROL
O cerol é uma mistura de cola com vidro moído, limalha de ferro ou pó de quartzo, que é aplicada em linhas de pipas para duelos enquanto elas estão no ar. O resultado é um fio extremamente cortante, o que pode ocasionar acidentes, levando até a morte. Porém, o Comandante da Guarda Municipal de Rio Claro, Luiz Fernando de Godoy, diz que a situação está mais perigosa.
“Hoje já encontram o material pronto, confeccionado com produto bem mais perigoso e cortante”, disse.
CRIME
A brincadeira de empinar pipas deixa de ser inofensiva com o uso da linha de cerol que, por sinal, é proibido no país.
De acordo com o comandante da GCM, as fiscalizações ficam mais intensas no período de férias. “Estamos fiscalizando. Quando temos a solicitação, vamos até o local, fazemos a apreensão e incineramos o material. Normalmente em época de férias, a população solicita ainda mais.
Orientamos a não soltar pipas com cerol, principalmente nas vias rápidas com maior fluxo de veículos”, relatou. Porém, salienta que uma lei mais rígida ajudaria a coibir o crime. “Hoje, se constatamos o uso, recolhemos o material. Se tiver vítima, o acusado é levado para a delegacia e vai responder por lesão corporal. A lei deveria ser mais rígida para quem fabrica, comercializa e para quem usa para que esses também respondam criminalmente”, salientou.
Segundo o comandante, grande parte do material apreendido pela guarda estava nas mãos de indivíduos acima de 18 anos. “A maioria tem consciência do risco, do que pode ocasionar e, mesmo assim, utiliza, não teme. Vale ressaltar que, se um menor está usando o material e causa uma lesão, os pais vão responder”, observou.
De acordo com a Guarda Municipal, a fiscalização está de olho em campeonatos de pipa realizados de forma irregular. Caso seja flagrado, o organizador será responsabilizado. As denúncias podem ser feitas pelo disque da Guarda Municipal – 153.