As pré-candidaturas desta eleição seguem a mesma dinâmica das últimas. Políticos já estabelecidos em cargos eletivos, no intuito de prosseguirem seu legado, apoiam filhos e parentes para tentar garantir o número de votos e a permanência na máquina pública. No país, diversos filhos de tradicionais figuras da política tentam ingressar em cargos legislativos.
É o caso de Fernando James (PTC), filho de Fernando Collor e que vai disputar vaga de deputado federal em Alagoas. Outro nome que figura entre as pré-candidaturas é o de Rodrigo Oliveira (MDB), que se prepara para concorrer uma cadeira na Câmara do Ceará com o apoio certo do pai, o presidente do senado Eunício Oliveira (Democratas).
Em Pernambuco, João Campos (PSB) segue o legado do pai, o ex-deputado Eduardo Campos – morto em um acidente aéreo – e sinaliza a intenção de garantir um cargo como deputado federal. O senador Fernando Bezerra Coelho, também em Pernambuco, aposta em sua influência política e na juventude do filho de apenas 20 anos, Antonio Coelho, para ocupar o legislativo estadual.
Já no Rio de Janeiro, Marcelo Crivella Filho (PRB) lançou o nome como pré-candidato e certamente contará com o apoio do genitor, prefeito da capital, e com o eleitorado evangélico. E não para por ai. No mesmo Estado, Danielle Ditz da Cunha, filha do ex-deputado Eduardo Cunha – preso na Operação Lava Jato – é outra pré-candidata.
A prática de manter o legado familiar no poder, comum e legal no Brasil, acontece há bastante tempo. Aécio Neves, em Minas Gerais, ACM Neto, na Bahia, e Eduardo Bolsonaro e Bruno Covas, em São Paulo, são somente alguns dentre tantos.
DEBATE
Para o presidente do PCdoB, Luiz Carlos Curinga, a política tem que ser feita observando as necessidades do povo e não o legado de cada político. “Acho que a política tem que ser feita com o intuito de fortalecer o povo e não a vida familiar de cada um. Política é coisa séria, não é carreira, mas sim luta do dia a dia”, disse ao Diário do Rio Claro.
Tuzinho Fernandes, presidente do PRB, vê a prática como positiva, visto que as realizações e projetos terão continuidade. “Se o candidato é um político correto é já está com uma certa idade e gostaria que um da sua linhagem continuasse o legado, é Importante pra manter seus projetos em benefício do povo. Agora quando o político é um ficha suja, já podemos acreditar que boa coisa não. Vai continuar com as más influências herdadas”, explica.
Tu Reginatto, presidente do PTB foi sucinto em seu comentário, mas avaliou como uma prática comum. “Avalio como normal, visto que a legislação permite”, frisa.
Já para Airton Moreira, do PSOL, o político não pode criar uma figura personalista no sentido de não agregar para os projetos do partido. “A função do político é desenvolver políticas públicas e leis, e não criar uma imagem personalista em torno se sua figura através de favores ou propaganda. O problema não é sequer ser filho ou parente de político, mas se reproduzir no poder se utilizando dessa imagem, e não através de propostas e ideias”, avalia.
João Walter, que dirige o diretório do PSDB em Rio Claro, apresentou outra ótica sobre o assunto. O político comentou sobre a verba obrigatória de 30% para garantir a representatividade feminina nas candidaturas. Ele considera que, em função de não existir volume de mulheres querendo disputar as eleições, políticos tradicionais utilizam filhas, esposas e parentes para obter mais recursos nas campanhas. “Na minha opinião o governo facilitou para os velhos políticos. E como não há número suficiente de mulheres tem dinheiro sobrando. Não estou avaliando a participação das mulheres, mas os critérios da distribuição de recursos”, finaliza.