Quais os impactos que a pesquisa científica traz para a sua vida e para a do restante dos brasileiros? A partir desta pergunta, uma pesquisa nacional visou verificar a percepção sobre ciência e tecnologia (C&T) e a contribuição (ou não) que estas têm na sociedade e no dia a dia das pessoas.
O estudo foi uma iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações e foi elaborado pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), organização social que presta serviços à pasta.
O levantamento apontou um maior ceticismo dos brasileiros em relação à ciência em relação a anos anteriores.
Dos entrevistados, 31% disseram ver só benefícios nesta modalidade de conhecimento, contra 54% em 2015. O levantamento deste ano mostrou uma reversão do movimento de crescimento de uma avaliação positiva nas últimas edições, como mostra o gráfico.
No geral, as demais categorias, em que a percepção considera também os malefícios, tiveram aumento na sondagem deste ano. O percentual de pessoas ouvidas que passaram a ver também malefícios na ciência, embora em menor grau do que os benefícios, saiu de 19% em 2015 para 42% em 2019. Os que visualizam tanto benefícios quanto malefícios cresceram de 12% para 19% no mesmo período.
Contudo, na avaliação dos autores o índice de pessoas com um olhar mais positivo (com percepção maior dos benefícios) ainda possui um patamar alto, acima dos 70%. Isso indicaria, acrescentam os responsáveis pelo estudo, que a produção científica mantém uma referência positiva junto aos brasileiros.
“Você pode observar uma variação, mas 73% em nível geral mantêm o seu interesse e consideram que ela traz mais benefícios do que malefício. Achamos que isso é resultado positivo, independentemente do contexto. Se temos recurso ou não, a importância da C&T continua em níveis bastante altos”, avalia Márcio Miranda, presidente do CGEE, entidade responsável pelo estudo.
Imagem do cientista
Entretanto, as variações também se manifestaram na visão sobre os cientistas. A percepção destes como “pessoas inteligentes que fazem coisas úteis à humanidade” caiu de 55% na edição de 2015 para 41% em 2019.
A categoria “pessoas comuns com treinamento especial” aumentou de 13% para 23% no mesmo período. E a ideia dos cientistas como quem “serve a interesses econômicos e produzem conhecimento em áreas nem sempre desejáveis” foi de 7% para 11% nas duas edições da sondagem.
Os cientistas não aparecem entre as fontes mais confiáveis de informação. Apenas 12% das pessoas consultadas listaram os acadêmicos desta maneira, enquanto 15% indicaram líderes religiosos, 26% médicos e outros 26% jornalistas.
Mas na avaliação dos autores, os dados indicam prestígio dos cientistas, uma vez que estes não aparecem entre as fontes não confiáveis, onde aparecem políticos (72%), jornalistas (6%) e religiosos, artistas e militares (4% cada categoria).
Os autores elaboraram o que chamaram de um “índice de confiança”, combinando diferentes análises acerca das respostas sobre a referência que os entrevistados possuíam tanto positiva quanto negativamente de diferentes instituições.
Nesse ranking, os cientistas de universidades e centros públicos de pesquisa ficaram na segunda colocação (0,84), atrás apenas dos médicos (0,85). Tal desempenho se deve ao fato dos cientistas não serem vistos como fontes não confiáveis.
Temas e museus
A pesquisa também questiona os entrevistados sobre temas de interesse. Ciência & Tecnologia fica em quarto lugar (62%), abaixo de medicina saúde (79%), meio ambiente (76%) e religião (69%).
Por Agência Brasil