Aquelas ligações incômodas de empresas durante os almoços em família ou enquanto você participa de reuniões de trabalho podem estar perto do fim. Isso devido à determinação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que obrigou as empresas a criarem a lista Não Me Perturbe para as operadoras de telecomunicações.
O cadastro já está disponível desde terça-feira (16), conforme já divulgado no Centenário. Em pouco mais de 12 horas da liberação do serviço, mais de 247 mil pessoas pediram para não receber mais ligações de telemarketing, segundo balanço divulgado pelo Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviços Móvel Celular e Pessoal (Sinditelebrasil).
CADASTRO
O cadastro foi criado pelas próprias empresas de telecomunicações após determinação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
O usuário que solicitar o bloqueio deixa de receber ligações de telemarketing das empresas Algar, Claro/Net, Nextel, Oi, Sercomtel, Sky, Tim e Vivo em um prazo de 30 dias.
O pedido deve ser feito no www.naomeperturbe.com.br. Vale destacar que no momento do cadastro, o consumidor pode escolher se quer bloquear uma ou todas as empresas. A lista não vale para outros serviços, como ligações de bancos.
As prestadoras que descumprirem a regra podem ser advertidas ou penalizadas com multas de até R$ 50 milhões.
LIGAÇÕES
O estudante universitário Matheus Pereira disse à reportagem que recebe diariamente ligações de serviços de telemarketing. “Inclusive, costumo bloquear os númesos, mas eles são insistentes. Sem contar ligações de cobrança em nome de outra pessoa”, diz.
Mesmo caso de Leticia Machado, que já teve reuniões de trabalho interrompidas devido às ligações. “Tenho familiares que são de fora de Rio Claro, então sempre penso que pode ser alguma emergência”, conta.
NOVIDADE
Pereira vê com bons olhos a novidade da lista Não Me Perturbe, mas questiona se os dados não poderiam ser utilizados para outras finalidades. “Desde que não seja uma forma de levantar mais dados e continuarem ligando, vejo como positivo”, finaliza.
DADOS
O editor de tecnologia Ibrahim Cesar destaca que como o cadastro é gerido pelas próprias empresas, tecnicamente é uma forma de gerar dados. “A questão é calcular o que as empresas farão com os dados. Acho que no final é um exame de confiança e o quanto cada um se sente em relação às empresas ‘fazerem a coisa certa’”.
Cesar esclarece ainda que o setor público não teria capacidade para gerir toda a demanda e citou que a iniciativa privada mantém boas iniciativas de autogestão. “Como o Conar, na questão da publicidade”, cita como exemplo.
O editor enfatiza que é necessário ter cautela tanto com a iniciativa privada, quanto com o poder público, mas avalia como positivo o novo dispositivo.
“Desonera o setor público e cria uma rede de segurança, pois se espera que o mercado vai se fiscalizar. Como qualquer mecanismo na sociedade, vai precisar ser fiscalizado e questionado. Temos que ficar de olho, esse é o custo de se viver em sociedade”, finaliza.