O diretor de relações institucionais e governamentais da Associação Paulista das Cerâmicas de Revestimento (Aspacer), Luís Fernando Quilici, vê com bons olhos o início da abertura do mercado de gás natural no país.
“Não só apenas o setor produtivo vai ganhar com a mudança, mas a sociedade como um todo, já que teremos o crescimento do PIB e, consequentemente, da economia brasileira”, observa o diretor.
Quilici esclarece que o gás natural é o maior custo na produção do metro quadrado de revestimento. “O gás representa 37% do custo total do metro quadrado e é maior que a mão de obra”, esclarece.
GASTO
O diretor da Aspacer destaca que em 12 meses o setor prevê custo de R$ 1,38 bilhão com o insumo e que a mudança é necessária para baixar essa cifra. “Foi dado o pontapé inicial. Mas é um processo que tende a se consolidar daqui a quatro anos, com a abertura completa do mercado de gás”, pondera.
TRABALHO
Ele lembra todo o esforço da Aspacer para a abertura do mercado desde 2012. “Foi uma vitória para o setor produtivo brasileiro, pois desde 2012 que o setor cerâmico, junto a outros setores, vem lutando para abrir esse mercado”, diz.
MODELO
Atualmente, o setor produtivo paga, além do produto em si, cerca de 13% pelo transporte, outros 17% da distribuição e mais 24% de impostos (PIS, Cofins e ICMS). “Somente o gás representa 46% e esse valos, com o programa, tende a diminuir. Pode ser que o percentual do preço do transporte mude também, mas o que vai mudar mesmo é o preço do gás”, destaca Quilici.
CONSEQUÊNCIAS
Com a abertura do mercado, Quilici reforça que será possível novos investimentos no setor e que a médio e longo prazo vai refletir na contratação de novos profissionais. “Na medida que aumenta a competitividade, vai gerando novos empregos a médio e longo prazo”, esclarece.
MONOPÓLIO
O diretor da Aspacer argumenta que a Petrobrás participa de todas as etapas da cadeia do gás. “Quando se tem o monopólio, fica difícil a concorrência e com isso o preço alto acaba prevalecendo. Não temos de quem comprar gás, se não for da Petrobrás”, explica.
PROGRAMA
Lançado pelo governo federal na segunda-feira (24), o Plano Novo Mercado de Gás prevê a saída da Petrobrás do segmento e vender as ações que detém nas empresas de transporte e distribuição. As obrigações fazem parte de um acordo entre a petroleira e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) no intuito de suspender um processo que investigava a atuação anticompetitiva da estatal.
O Conselho Nacional de política Energética (CNPE) aprovou também na segunda-feira (24) resolução que vai liberar o mercado de gás natural no País. No comunicado, as medidas preveem a criação de condições para o acesso aos gasodutos de transporte e dutos de escoamento, unidades de processamento e terminais de gás liquefeito. A recomendação do governo chega no Congresso nacional até esta quarta-feira (26) para que as alterações possam ser analisadas e decidir o que pode se tornar lei.