A tradição adota 1827 como o ano da fundação de Rio Claro porque naquela data foi instituída a primeira capela com a nomeação de um sacerdote residente na cidade, o padre Delfim da Silva Barbosa.
Por estar vinculada ao Estado, a Igreja tinha funções administrativas, como registros de nascimento, casamento, óbito e de terras. As eleições eram realizadas nos templos. Capela era um marco civilizatório.
Primeira capela
A primeira capela no arraial próximo ao Córrego da Servidão foi construída em terreno doado à Igreja por Manoel Paes de Arruda e ficava em área da atual escola “Puríssimo Coração de Maria”.
Choupana
A construção era modesta. Coberta com folhas de palmeiras indaiá entrelaçadas como tecido de cestas. As paredes eram sustentadas por ripas de palmito jussara cobertas com barro sem cal. Teria 60 palmos de comprimento, 30 de largura e 20 de altura. Mais tarde foi construída a primeira igreja no local de hoje, na Rua 6 entre as Avenidas 3 e 5.
Padroeiro
Por tradição a cidade comemora seu aniversário em 24 de junho, dia do padroeiro São João Batista. Mas a data da criação da primeira capela é 20 de junho.
Datas
Devido à falta de registros da época, alguns cronistas e historiadores consideram que a data de criação da primeira capela como sendo 10 de junho. Pesquisas recentes apontam que 20 de junho é a data mais provável. Seja como for, pela proximidade, adotou-se o dia do padroeiro para as comemorações de aniversário.
Em Ajapi
Antes primeira capela ser erguida na região em que se formou o centro da cidade, houve outra construção que serviu de capela até 1827, cujo local exato não é conhecido. Tudo o que se sabe é que ficava em Ajapi. Até onde há alcance, a mais antiga capela ficava em região próxima à antiga estação ferroviária de Ajapi.
Uma das referências à sua localização era a proximidade à Fazenda São José. Ali, ao lado da estrada, haveria uma casa de palha que abrigou a imagem de São João Batista. No mesmo local morava o padre Delfim, o primeiro de Rio Claro. Toda a área pertencia à fazenda de Costa Alves, considerado um dos fundadores da cidade.
Fundadores
Antes da mais antiga capela ser transferida de Ajapi para o arraial onde se formou o centro da cidade, há quase cem anos a região servia como passagem de bandeirantes e era habitada por pequenos agricultores, além de índios.
Muitos daqueles antigos moradores foram expulsos de suas terras com a chegada dos grandes fazendeiros que passaram a ser considerados fundadores da cidade, depois de legalizarem terras em seus nomes, por época dos anos 1820.
Tradição
Para definir quem foram os fundadores da cidade, a tradição adotou o critério de prestigiar políticos mais importantes e figuras mais influentes. Outros que participaram do processo de formação da cidade ficaram de fora e não são lembrados. Em 1827, cerca de oitocentas a mil pessoas moravam na região em que se formava a cidade, de forma que todos poderiam ser considerados fundadores.
Os sem nome
A Coluna do Centenário, que fica no centro da Praça da Liberdade, lista sete nomes como sendo os fundadores de Rio Claro. Além do padre Delfim, dois são dos doadores das terras para a formação da capela no centro da futura cidade. Dois são de políticos quer articularam a organização da capela. Um é de militar. Os outros dois são de fazendeiros.
Conforme se sabe, a comunidade local se mobilizou para ter uma capela oficial. Para tanto, os moradores elaboraram um abaixo- assinado que trazia mais de centro e trinta nomes.
Irmãos Pereira
A lista dos nomes considerados como sendo dos fundadores não inclui os memoráveis irmãos Pereira, em cujas terras se formou o primeiro pouso de bandeirantes na região, às margens do Ribeirão Claro, na vizinhança do atual Espaço Livre.
Foi a partir de fracionamento de terras da família Pereira que a área central passou a ser formada. Os irmãos eram: Rafael, Inácio, Antonio, Bento, Cristóvão e Manuel Pereira. Eles podem ser considerados como esquecidos fundadores de Rio Claro.
Sociedade do Bem Comum
A preferência de escolha para definir os nomes de fundadores parece ter alguma ligação com a lendária Sociedade do Bem Comum, associação de fazendeiros que entre 1832 e 1839 administrou as terras doadas à Igreja. Os aclamados fundadores da cidade são os mesmos criadores da associação, ao lado de outros. À administração deles cabia negociar lotes das terras doadas à Igreja na região central para reverter o dinheiro à construção de um templo.
Igreja
Por questões ainda não esclarecidas, ao longo do tempo o patrimônio da Igreja passou a ser propriedade de terceiros. A última documentação que poderia esclarecer o caso desapareceu dos arquivos da Câmara Municipal. A documentação esteve aos cuidados da Igreja até 1845. Naquele ano, com a instalação da Câmara Municipal, os documentos passaram à responsabilidade do município. Não foram mais vistos a partir de 1907.
Por J.R.Sant ́Ana