Neste domingo (9), o Diário do Rio Claro realiza um arremesso ao passado. Por intermédio das páginas do Centenário, o leitor rio-clarense irá relembrar de um estabelecimento que fez história em Rio Claro: o Restaurante Líder que, mesmo após anos de seu fechamento, ainda habita a memória de um sem-número de moradores da terra de Ulysses Guimarães.
A fim de trazer à tona lembranças acerca deste que foi um marco na história gastronômica de Rio Claro, o Diário conversou com Sebastião Generoso Neto, cozinheiro e empresário, cujo avô, de quem herdou o nome, foi o idealizador do Restaurante Líder.
O empreendedor Sebastião Generoso, nascido em 14 de março de 1932, faleceu no dia 7 de maio de 1987 acometido pela Doença de Chagas, justamente no dia do aniversário de seu filho Sebastião Edson Generoso, o mais velho de oito irmãos. Seu legado, no entanto, perpetuou-se.
Generoso Neto conta que seu avô saiu de casa quando tinha entre 16 e 17 anos devido ao fato de não concordar com o pai, Olímpio Generoso, segundo ele, o típico “coroné”, dono de 90 alqueires de terra roxa.
“Sebastião Generoso veio trabalhar com uma mão na frente, outra atrás, como operador de mula. Em virtude de um acidente com um carro de boi, foi trabalhar como garçom no vagão restaurante da Companhia Paulista de Estradas de Ferro”, relata.
De acordo com Generoso Neto, seu avô atuou ainda no Restaurante Lorde, de propriedade do Senhor Sócrates. Neste estabelecimento, um fato modificaria sua vida de forma definitiva. “Lá, meu avô conheceu minha avó, Yvone Reis Generoso, que faleceu no dia 3 de outubro de 2018, no dia em que completariam 60 anos de casados.”
O cozinheiro e empresário diz que surgiu a oportunidade de seu avô comprar o Restaurante Lorde, cujo proprietário teve a intenção de vender para obtê-lo de volta. “Porém, nesse caminho, o saudoso Senhor Ângelo Prestes, dono do Hotel Líder, ‘apadrinhou’ meu avô, o encaminhando e o ajudando a encontrar o sucesso e a não cair nessa ‘armadilha’.
E em homenagem ao ‘padrinho’, o Restaurante Lorde tornou-se, então, Restaurante Líder. Isso por volta de 1955. Nessa época, as ruas ainda eram de paralelepípedos”, conta Generoso Neto, acrescentando que na Rua 3, entre as avenidas 2 e 4, havia ainda o Hotel Líder, Casa de Alumínio, Casa Grande, Casas Pernambucanas, dentre outros notórios estabelecimentos e, ao lado do Líder, só que entre as avenidas 4 e 2, o Supermercado Gonçalves Sé, Casa Karan – Móveis, um terreno vazio, além do Senhor Fernando Sampaio.
À época, conforme relata, ainda pagava-se aluguel para o Senhor Fausto Castellano. “E de grão em grão e muito trabalho, tudo foi melhorando”, afirma. Segundo Generoso Neto, o Líder foi se tornando o melhor restaurante da época, sendo lembrado até hoje. “Havia também o Restaurante do Meu Irmão, Garrafão, Akamine e Toca.”
Os preferidos
Tendo em vista as muitas opções disponibilizadas, Generoso Neto diz lembrar que o filé à parmegiana, cujo diferencial estava no modo de preparo do molho, feito com tomates e sem a utilização de produtos artificiais, era um dos que mais saía, ao lado do virado à paulista, que também tinha uma enorme apreciação. As pizzas, do mesmo modo, eram bastante desejadas. “O fogão à lenha de ferro, do princípio ao fim, norteou a história do restaurante, algo que fazia a diferença”, garante.
Generoso Neto rememora que Sebastião desenvolveu outras atividades, além do restaurante. “Enriqueceu. Sua ascensão se deu nos anos 60, 70 e 80. Obteve sítios, chácara, propriedades, etc. Foi um vencedor da época”, expõe.
O Restaurante Líder encerrou suas atividades em dezembro de 2000. Na ocasião, estavam à frente Yvonne, Sebastião Edson e Sérgio Antônio – seu avó, pai e tio, respectivamente, que assumiram após a morte de Sebastião Generoso. Por motivos particulares, foi vendido, dando lugar a um outro comércio.
Quase duas décadas após seu fechamento, o Restaurante Líder ainda habita a memória afetiva daqueles que puderam usufruir de sua existência e nos remete a uma Rio Claro que já não existe mais.