Nessa semana, a Prefeitura Municipal de Rio Claro informou que após 20 anos, a secretaria de cultura deixaria o espaço do Centro Cultural, para ocupar o prédio do Casarão da Cultura, na região central. No antigo espaço, anexo ao Lago Azul, permanecem funcionando a secretaria de eventos e as diretorias de políticas especiais. Fundado em 1981, o Centro Cultural que homenageia o cineasta rio-claro Roberto Palmari é destacado como a maior obra do município ao longo dos 191 anos de sua história.
O Centro Cultural “Roberto Palmari”
Proposto pelo prefeito Oreste A. Giovani, o Projeto de Lei 30/76, encaminhado ao Legislativo em 1976, solicitava autorização de convênios com o Governo de Estado para a construção de um centro cultural no município de Rio Claro. Tal proposta, com o total apoio do Legislativo, tendo à frente o vereador Nevoeiro Júnior, resultou na Lei n. 1417, de 29 de setembro daquele mesmo ano.
No ano seguinte, 1977, eleito como prefeito, Dermeval da Fonseca Nevoeiro Jr. iniciou os estudos preliminares do projeto de arquitetura, local adequado, consulta a engenheiros especializados e parcerias.
Com 7500 m² de área construída, junto ao “Lago Azul”, obra começada em fevereiro de 1979, o “Complexo Arquitetônico Cultural Rioclarense” abrigaria Museu de Imagem e Som, Biblioteca, Auditório, Arquivo Público, Restaurante, Salas de Exposições e Administrativas, Banheiros, lojas, e principalmente, um Teatro com dependências completas (o São João, primeiro “Theatro” da cidade, de 1864, era o segundo mais importante da Província).
Em 20 de junho de 1981, no aniversário de 154 anos de Rio Claro, foi inaugurado pelo então prefeito, Nevoeiro Júnior, a ala “artística” do importantíssimo “Complexo Arquitetônico”, com início das atividades culturais (as demais, operadas em 1982). O Centro Cultural recebeu, em 1993, a denominação “Roberto Felippe Palmari”, em justa homenagem ao cineasta rio-clarense, reconhecido internacionalmente.
Na atualidade, sem manutenção por oito anos, as fachadas do edifício do Centro Cultural “Roberto Palmari” exibem espessas camadas escuras de sujeiras solidificadas. Nas paredes, ao seu redor, as pichações se alastram. Internamente, nos dois pavimentos, infiltrações das chuvas que comprometem as estruturas. A plateia do Teatro, os camarins, o salão de ensaios, depósito, marcenaria e montagem de cenários são os locais mais afetados por centenas de goteiras. Seguidos do Auditório e da Biblioteca. As fiações elétricas, o acervo arqueológico, os livros, documentos, vídeos, o piano e a caríssima aparelhagem técnica para gravações, deterioram com o efeito estufa. Criadouros do mosquito da dengue, de insetos e pombas se multiplicam.
Descaso maior foi a colocação de degraus no prolongamento da rampa de acesso para deficientes físicos, junto do estacionamento de veículos. Em melhor condição não se encontra o “Parque Municipal do Lago Azul”. Registra-se que o Centro Cultural de Rio Claro, maior obra ao longo dos 191 anos de nossa história, representa de modo perfeito, o sentido do desenvolvimento e culto à inteligência.
Colaboração: Anselmo Aparecido Selingardi Jr.
Perito Judicial em Arqueologia e Documentação Histórica
Inscrição número 1417-SP