Mesmo não sendo um consenso na sociedade a necessidade da reforma da Previdência, pode-se verificar que o Congresso Nacional está empenhado em levar adiante a proposta do ministro da Fazenda Paulo Guedes.
Considerando que a Casa Legislativa não é um cartório onde documentos ou propostas são meramente carimbados, trava-se ali a discussão sobre os detalhes do projeto. Nada mais natural. É da democracia. Todos ali foram eleitos.
Todo início de mandato é importante para aproveitar o otimismo das ruas e dos mercados, a fim de levar adiante reformas necessárias e no mais das vezes, impopulares. Infelizmente, este “capital político” foi esvaziado com desencontros, embates e polêmicas. Mas o Brasil não parou, deu marcha à ré.
O PIB do primeiro trimestre recuou, as avaliações e expectativas populares e do mercado caíram bruscamente e não temos nada para nos animar no curto prazo, a não ser as festas juninas.
O período dos anos 1980 ficou conhecido como a Década Perdida e esta década de 2010, tudo indica, será ainda pior. Passamos por uma grave situação entre 2014 e 2016, com crise econômica, política e social. Até o final de 2018 as coisas pareciam entrar nos eixos, apesar das crises da JBS e dos caminhoneiros em período pré-eleitoral. As agendas de reformas estavam bem delineadas e o otimismo com o novo governo era grande.
Não quero responsabilizar o atual governo pelos números pífios da economia, mas as famílias, as empresas e o mercado financeiro também vivem de expectativa.É preciso parar com falsas polêmicas e começar a trabalhar pelas reformas.
A campanha política já terminou e existe um povo sofrido à espera de ações concretas. Não é se colocando como vítima de inimigos imaginários e pedindo orações ao presidente que vamos sair da beirada do abismo. Ah, mas a fé move montanhas, dirão. Sim, mas é bom começar a empurrar enquanto reza.
Dependemos muito do que se passa na Argentina, principal mercado para nossos produtos manufaturados. O país está mergulhando numa crise e terá eleições em outubro próximo. A guerra comercial EUA-China tem grande potencial para trazer notícias negativas ao Brasil quando chegarem a um acordo, afetando possivelmente nosso agronegócio. Apesar da recessão que se avizinha, a inflação está estranhamente elevada, próxima de 5%.
Tem muito trabalho a ser feito e não estamos com céu de brigadeiro. É preciso deixar a adoração aos templos religiosos. E não, o Jair não é o ungido pelo Todo Poderoso, não é fruto da divina providência. É um político comum que, para o bem do país, precisa começar a tomar as devidas providências. Amém?