Quando uma pessoa vai morar em outro país sem dominar o idioma local, passa por dificuldades com as coisas mais simples. Seja num restaurante para entender as diferenças entre os pratos, numa sala de aula para entender os termos técnicos, na oficina mecânica para saber o nome das peças ou num encontro romântico para elaborar uma aproximação mais convincente, se necessário, claro.
Com uma boa base intelectual, esta pessoa vai enriquecendo o seu vocabulário até o ponto em que, sem perceber, já está pensando e até sonhando nesta outra língua. Neste patamar, já consegue comer melhor, compreende o que o professor fala, reconhece o real problema no seu carro e, por óbvio, pode se entender melhor com as pessoas. Com mais palavras, podemos pensar melhor e criar relações e conexões mais complexas.
Crescemos aprendendo assuntos e situações novos a cada dia e dependendo de uma “rede de circunstâncias”, alcançamos patamares diferentes. Essa rede é o que podemos chamar de ponto de partida de cada indivíduo.
E faz muita diferença se foi amamentado, se cresceu bem servido de saneamento básico, se teve proteção e cuidados contra doenças, se foi bem alimentado, se cresceu num ambiente emocionalmente saudável, se recebeu cuidados enquanto os pais iam trabalhar e se foi incentivado a estudar.
Com mais palavras, podemos pensar melhor e criar relações e conexões mais complexas. Crescemos aprendendo assuntos e situações novos a cada dia e dependendo de uma “rede de circunstâncias”, alcançamos patamares diferentes. Essa rede é o que podemos chamar de ponto de partida de cada indivíduo.
Dados mais recentes dão conta de que pouco mais de 52% da população brasileira têm acesso à coleta de esgoto e somente cerca de 25% das crianças de zero a três anos são atendidas por creches.
Não estamos dando atenção às reais prioridades. O Brasil tem 69 universidades federais, sendo que 45 foram abertas entre 1908 e 2000 e 24 nos últimos 16 anos. Toda a população custeia essa estrutura onde muitos que poderiam pagar, estudam de graça.
O nível de exigência da população é muito baixo. Pais analfabetos ficam felizes ao ver os filhos semialfabetizados. O PISA, que é um programa internacional de avaliação de alunos, mostra o Brasil sempre nos últimos lugares. Em 2012, de 65 países avaliados, ficamos com o desonroso 57º lugar. E a perspectiva não é nada boa.
Estamos com sérios problemas de restrição orçamentária e sem a retirada dos privilégios previdenciários ou na área educacional, revisitaremos os dias de inflação alta, o imposto mais cruel que incide sobre os mais pobres.
Sem crescimento econômico, empregos não são gerados, a arrecadação pública cai, cortes são feitos e investimentos em saneamento e ensino básico minguam. Os mais necessitados pagam a festa e ficam com as migalhas.
As pessoas com mais palavras ou voz, com mais relações e conexões, precisam tomar as rédeas deste processo e se aprofundar na busca por soluções. Precisamos sair deste movimento pendular insano que nos leva de um extremo ao outro e sempre passa com sua maior velocidade pelo centro. Devemos buscar a razão, a sensatez.
Mas como dizem, o ódio é mais fiel que o amor.