O quinto mês do ano é dedicado à prevenção das Doenças Inflamatórias Intestinais, sendo intitulado Maio Roxo. Essas enfermidades são consideradas um dos grandes problemas da população moderna, uma vez que geram repercussões importantes no que tange à qualidade de vida de seus portadores, ocasionando, por decorrência, em alterações nos âmbitos social, psicológico e profissional. Este mês tem como principal objetivo o esclarecimento acerca destes males e, principalmente, seus sintomas, servindo como alerta e favorecendo o diagnóstico precoce.
O Centenário contatou Oswaldo de Biase Filho, cirurgião geral e gastroenterologista, a fim de explanar a respeito das doenças inflamatórias intestinais.
O que são?
De acordo com Biase Filho, são doenças crônicas que inflamam os intestinos em intensidades variadas. As principais são Doença de Crohn, Retocolite Ulcerativa e Colites Inespecíficas.
Sintomas
O profissional explicita que, nas formas mais leves, a pessoa pode sentir dores abdominais e alteração do hábito intestinal, como diarreia ou constipação. Nas formas mais graves, dores intensas, sangramentos retais, perda de peso repentina, cansaço ou fraqueza, aftas, etc.
Quem tem mais disposição a ter essas doenças?
“Acredita-se que elas atinjam mais indivíduos geneticamente predispostos que adotam no estilo de vida o uso de medicamentos que transformam a imunidade e modificam a flora intestinal”, expõe.
Essas doenças acometem mais jovens ou idosos?
Segundo Biase Filho, costumam acometer mais pacientes jovens, em fase ativa, principalmente a partir dos 30 ou 40 anos, mas também ocorrem em crianças e idosos.
Exames
O especialista salienta que existem diversas formas, dependendo dos sintomas e da avaliação do médico. “Exames como endoscopia digestiva alta e colonoscopia, de sangue e fezes, tomografia ou ressonância magnética do abdomen podem ser necessários”, salienta Biase Filho.
Tratamento
O gastroenterologista diz que, normalmente, com medicamentos para reduzir a inflamação e a resposta imunológica. Conforme ele, alguns são utilizados quando os sintomas estão mais intensos e, outros, por tempo indeterminado para impedir que a doença volte.
“Medicamentos imunobiológicos, aplicados em forma de injeções com intervalos regulares, também podem ser indicados. A cirurgia de retirada de partes doentes do intestino pode ser uma opção quando os medicamentos não surtem os resultados esperados ou quando há alguma complicação”, finaliza Oswaldo de Biase Filho.
Fatores psicológicos
O Número 1 solicitou a Helena Hebling Almeida, psicóloga clínica com consultório em Rio Claro e professora convidada na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), para que elucidasse quanto aos fatores psicológicos envolvendo as doenças inflamatórias intestinais.
Ele explica que o medo de sentir dor, de ir para o hospital, de passar por uma cirurgia, especialmente na Doença de Crohn, é muito comum.
“Mudanças de hábitos alimentares e costumes com relação a atividades físicas e sociais podem gerar desconforto, mas podem também ser uma oportunidade de readequação de estilo de vida e melhora dos sintomas, principalmente a angústia em lidar com a doença – já que não há cura.
Afinal, o medo é um ‘sentimento de inquietação – real ou imaginário’, que carrega em si uma ameaça, e gera ansiedade”, pondera.
De acordo com Lúcia Helena, se há um grande emagrecimento, pode acarretar problemas de autoestima e dificuldades emocionais que podem prejudicar o convívio social.
“Há pacientes que relatam que em momentos de maior instabilidade emocional, pioram as crises. A aceitação de qualquer doença crônica é sempre um desafio. Portanto, o atendimento psicológico, em conjunto com o atendimento médico, é sempre indicado”, orienta.