O rio-clarense Fábio Dias, que recentemente completou 47 anos, ganhou, há algum tempo, notoriedade nacional como ator ao atuar, no fim da década de 90, início dos anos 2000, em um dos folhetins de maior sucesso da dramaturgia nacional: Terra Nostra, da Rede Globo, de Benedito Ruy Barbosa. À época, Dias, efetivamente, se consagrava como ator em rede nacional em uma novela que entrou para a história e que, recentemente, voltou a ser exibida no canal por assinatura Viva (de segunda a sábado, às 14h30, com reprise à 0h45).
Hoje, Dias possui uma carreira bem-sucedida no ramo empresarial e afirma que não mais objetiva voltar a atuar. Muito solícito, atendeu prontamente à reportagem do Centenário e se colocou à disposição para relatar a sua trajetória. Portanto, neste domingo, conheça um pouco mais da história deste rio-clarense casado há 15 anos com Suzana Vilela Dias, pai de Nickolas, de 13 anos, e Anitha Dias, de 8, que, ainda menino, foi para o Rio de Janeiro a fim de jogar basquete, obteve destaque internacional como modelo, passou a se dedicar à arte de atuar e, por fim, tornou-se um homem de negócios dos mais arrojados. Acompanhe os principais trechos da entrevista.
Diário – Conte-nos, por favor, sua história até tornar-se ator. Como tudo aconteceu?
Fábio Dias – Eu saí de Rio Claro aos 15 anos para jogar basquete e, quando estava atuando no Flamengo, no Rio De Janeiro, comecei a estudar teatro e atuei em minha primeira peça: “Meus Meninos Dourados”. Nesse período no Flamengo, já com 19 anos, estava pensando em parar de jogar e fui convidado por uma agência de modelos em Miami, Estados Unidos. A carreira começou a prosperar depois de um período de adaptação e dificuldades. Tive muito sucesso em todo circuito da moda: Milão (Itália), Paris (França), Nova Iorque e Miami (Estados Unidos) por oito anos trabalhando com ícones do mundo da moda como Giorgio Armani, Gianne Versace, Valentino, Dolce & Gabbana. Mesmo estando no mundo fashion, o sonho de ser ator se mantinha forte. Fiz escola de teatro na Itália, até que em 1998 fui convidado pelo Diretor Walter Avancini a retornar ao Brasil para fazer a novela Brida, de Paulo Coelho, na Rede Manchete.
Diário – Terra Nostra foi um grande sucesso que contou com a participação de diversos atores de enorme peso da teledramaturgia nacional. Como foi para você essa experiência?
Fábio Dias – Depois de ter trabalhado na Rede Manchete, fiz participação na minissérie Chiquinha Gonzaga, até ser convidado pelo diretor Jayme Monjardim a fazer Terra Nostra, já que falava bem a língua Italiana. A novela foi uma obra-prima, um sucesso absurdo que transformou minha vida. Trabalhava todos os dias com mitos da teledramaturgia como Raul Cortez, Antonio Fagundes e Cláudia Raia, inclusive, minha primeira cena foi com Antonio Fagundes, em que, confesso, fiquei nervoso, mas foi tudo perfeito.
Diário – Você acredita que por ter sido uma novela de grande repercussão, onde você teve a oportunidade de ser reconhecido pelo seu trabalho, foi o que impulsionou a Rede Globo a te convidar para realizar outros títulos?
Fábio Dias – Sem dúvidas. Logo em seguida fiz Vila Madalena, a minissérie A Casa das Sete Mulheres, Avenida Brasil, Kubanacan e fiquei um período fazendo A Turma do Didi, com meu querido amigo Renato Aragão. Foram períodos de muito trabalho, visibilidade e desgaste. Resolvi me afastar depois de um tempo. Os diretores me ligavam, produtores me ligavam, Fausto Silva me ligou, mas eu não queria retornar. Nesse período, comprei uma fazenda e me dediquei à criação de gado.
Diário – Posteriormente, o que te levou ao SBT e à novela Carrossel? Conte-nos sobre as suas atividades atuais.
Fábio Dias – Quando eu voltei a atuar, foi por um convite de um amigo do SBT. Eu já estava casado com a Suzana Vilela, já havia montado minha fábrica de cosméticos, a Bachellor Cosméticos, em Rio Claro, mas aceitei o desafio e foi fantástico, outro sucesso absurdo de audiência e o prazer de conhecer Silvio Santos. Não tenho mais intenção de voltar a atuar, estou focado na minha empresa há 11 anos, e estamos fortes em todo território nacional.
Diário – Recentemente, a Rede Globo tem sido duramente criticada por suposta baixa qualidade das produções desenvolvidas e pelos atores escalados. Qual sua opinião? Você acredita que a baixa audiência se deve pelo fato das novas gerações terem acesso vasto a outros tipos de canais e plataformas, como Netflix, YouTube e TV paga? Ou você atribui à suposta queda de qualidade?
Fábio Dias – Eu não assisto nenhuma novela há muitos anos. O que sei é que a emissora fez grandes reformulações, paga salários por obra a jovens atores e não mantém mais um elenco fixo por questões financeiras. A rotatividade é muito grande. As mudanças são normais, o público é outro, as gerações atuais não assistem mais novelas e não têm interesse. É uma geração impaciente, irrequieta e questionadora. Hoje, eles querem velocidade em tudo, não têm paciência e buscam conteúdo em outros canais como Netflix, acompanham youtubers e blogueiras. Confesso que não tenho uma opinião formada se isso é bom ou não, mas temos que nos adequar e respeitar o momento deles. Não considero falta de qualidade, mas sim um novo momento, com uma nova geração com gostos diferentes dos nossos. O que era bom para nós, para eles não é atraente.