O Ministério da Educação, comandado pelo ministro Abraham Weintraub, anunciou na última terça-feira (30) que todas as universidades federais do país sofrerão corte de 30% em seus orçamentos. A medida foi tomada depois da pasta ter sido critica por reduzir verbas destinadas à Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal Fluminense (UFF) e Universidade Federal da Bahia (UFBA).
A medida ocorre, conforme o ministro, de “forma preventiva” e acontece “sobre o segundo semestre”.
Para o diretor do Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE) da Unesp Rio Claro, José Alexandre de Jesus Perinotto, enquanto os governos encararem investimento em educação, ciência e tecnologia como custo, o Brasil tende a piorar. “Nós corremos o risco de perder uma geração toda porque esse corte de investimentos, agora da ordem de 30%, com certeza vai inviabilizar muitos projetos, alguns já até em andamento nas universidades”, disse.
“Nós temos que lembrar que mesmo nosso presidente dizendo que as universidades públicas não fazem pesquisa – uma desinformação tão grande -, já que o próprio Ministério da Ciência e Tecnologia aponta isso nos seus relatórios, que as pesquisas de ponta, as pesquisas importantes no Brasil são feitas nas universidades públicas em entidades públicas da ordem de 90%”, esclarece.
Para Perinotto, o corte de 30% foi motivado por questões ideológicas. “O aparelhamento de esquerda das balbúrdias, como disse o nosso encarregado da Educação, não tem o menor sentido”, opina.
Sobre as universidades federais, o diretor do IGCE diz que o Brasil precisa ter orgulho das instituições. “Além de formar recursos humanos de alto padrão, ainda existe todo um trabalho de pesquisa e todo um trabalho de extensão universitária voltado para populações de baixa renda, para populações em que o governo deveria estar assistindo e não está”, critica.
Para ele, as questões ideológicas dentro da universidade são “fruto de mentes pequenas”. “Eu tenho um grande temor de que essas medidas possam dar descontinuidade a um trabalho muito sério que são feitos nessas universidades”, finaliza.
A Rede Sustentabilidade apresentou uma ação ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o corte de 30% no orçamento de universidade federais anunciado nesta semana pelo governo do presidente Jair Bolsonaro. O pedido foi protocolado nessa quinta-feira (2).
A ação, um mandado de segurança, foi sorteado ao ministro Marco Aurélio Mello. Cabe a ele decidir se suspende ou não a determinação do governo federal.