Na última quarta-feira (17), foi comemorado o Dia Nacional da Botânica, instituído pelo Decreto de Lei nº1147, de 24 de maio de 1994, tendo como precursor o alemão Carl Friedrich Philipp Von Martius.
A data faz uma homenagem a todos os botânicos que se dedicam aos estudos sobre o conhecimento da flora (plantas) brasileira.
Um dos principais temas na atualidade diz respeito à biodiversidade e sua conservação e, neste contexto, o Brasil assume importante papel, sendo considerado um dos “países megadiversos”, que obtém aproximadamente 14% das espécies de plantas do planeta Terra.
A área da Botânica estuda os vegetais em seus diversos aspectos, ou seja, fisiologia, morfologia, química, ecologia e classificação. No Departamento de Botânica da UNESP, campus de Rio Claro, os estudos nessa área enfocam principalmente as espécies nativas, visando seu inventário e possíveis aspectos evolutivos, ecológicos, fisiológicos e econômicos.
Infelizmente, a flora brasileira é muito pouco conhecida, pois, apesar de sua importância no balanço da diversidade, devido à extensão territorial do Brasil e à falta de investimentos em pesquisa básica, o número de amostras vegetais preservadas por unidade de área está muito aquém do desejado para que sua diversidade seja adequadamente dimensionada em nosso país.
Essa falta de conhecimento não parece que será redimida em um futuro previsível, tendo em vista que as atuais políticas em vigor deixam em segundo, ou terceiro plano, o financiamento da área de pesquisa básica, sem mencionar, é claro, as últimas baixas na legislação de proteção ambiental.
Os herbários, instituições onde são guardadas amostras de plantas para estudos científicos, constituem-se num dos principais instrumentos para preservar as amostras vegetais coletadas. Tais amostras são fragmentos ou indivíduos inteiros, secos e fixos em cartolina com os registros de dados associados, como local de coleta, local, coletor, habitat, etc.
Em Rio Claro, existe o Herbário Rioclarense (HRCB), localizado no Instituto de Biociências, na UNESP, com cerca de 75 mil amostras registradas. Os herbários são de extrema importância, pois preservam registros da flora brasileira que está sendo destruída pelo crescimento populacional e econômico.
Materiais adequadamente guardados têm preservação indefinida e podem ser estudados pelos taxonomistas, especialistas que trabalham desde muitos séculos atrás com a diversidade biológica e sua classificação, constituindo-se em testemunho da flora de áreas que muito provavelmente foram ou serão alteradas.
Outras áreas do conhecimento, como, por exemplo, a agronomia, a ecologia, a farmacologia, etc., também usam os espécimes dos herbários para identificação e depósito de amostras vegetais usadas em suas respectivas pesquisas.
Segundo o Professor Doutor Julio Lombardi, do Departamento de Botânica da UNESP de Rio Claro, a falta de investimentos compromete o conhecimento da flora nativa sujeita, em sua maior parte, à destruição, com a consequente perda de recursos potenciais inestimáveis.
Mesmo as coleções atualmente presentes nos herbários estão sob constante ameaça, visto que sua manutenção requer recursos, como climatização constante do ambiente e corpo técnico qualificado para supervisionar as coleções e organizar seu crescimento com a incorporação de novas amostras.
A situação atual das universidades públicas paulistas, derivada de problemas de gestão, escassez de recursos atual, advinda da crise econômica e consequente queda da arrecadação, coloca em risco a preservação adequada das coleções já existentes, cujos responsáveis têm de lutar contra a falta de pessoal técnico, recursos para reparo de equipamentos e edificações, e para aquisição de material para montagem das coletas.
O Herbário Rioclarense, através de parcerias e projetos, tem procurado se modernizar, buscando meios seguros e adequados à preservação dos seus espécimes, e facilitando a divulgação das informações disponíveis através da informatização e digitalização do acervo, tarefa essa que continua sempre, em que pesem as dificuldades com reposição/contratação de pessoal e falta de recursos para aquisição e manutenção adequada de equipamentos, com o objetivo de incluir a coleção do herbário do instituto, no herbário virtual brasileiro, contribuindo, assim, de maneira significativa com o projeto da Flora do Brasil 2020, cujo objetivo é produzir uma flora brasileira, incluindo algas, fungos e plantas, em uma plataforma online que futuramente será integrada à Flora do Mundo Online (World Flora Online – WFO).
Seu sucesso cumprirá metas de acordos internacionais assinados pelo Brasil, dentro da Estratégia Global para Conservação de Plantas/Convenção da Diversidade Biológica (GSPC/CDB).