Quando iniciei o texto desta coluna, o propósito era indicar aos pais um jogo divertido para seus filhos e que permitisse ao mesmo tempo, além da diversão em família, o desenvolvimento motor e intelectual da criança. Para isso, meu filho de oito anos é um termômetro e dentre os nossos jogos preferidos, está o Roblox. Produzido pelo engenheiro americano David Baszucki, ele foi lançado há 12 anos, inicialmente para as crianças brincarem na plataforma enquanto aprendiam conceitos de física.
Mas como o projeto permitia o desenvolvimento aberto, a garotada partiu para outro caminho: começaram a desenhar seus próprios mundos. Hoje o Roblox conta com mais de 60 milhões de jogadores com média de idade entre 9 e 12 anos, já os desenvolvedores estão na faixa etária entre 15 e 22.
Mas um fato ocorrido no dia 28 de junho, mudou o curso desse texto e me fez chamar a atenção para um problema que pode ocorrer em uma plataforma multijogador para crianças: o assédio. Na ocasião, Amber Petersen, da Carolina do Norte (EUA), contou no Facebook que estava lendo uma história para a sua filha de sete anos enquanto a menina utilizava o Roblox com o seu iPad. De repente, a pequena lhe mostrou a tela. Com espanto ela observou o avatar da filha sofrendo um estupro grupal violento por parte de dois homens.
O caso gerou indignação, inclusive dentro da comunidade virtual do jogo. O Roblox, por sua vez, salientou que as normas e os filtros para evitar conteúdos inapropriados ou ofensivos são rigorosos. A companhia soltou inclusive, uma nota dizendo que os responsáveis pelo conteúdo foram expulsos permanentemente da plataforma.
Por conta disso quero deixar um alerta aos pais: acompanhem seus filhos nas horas que eles estão jogando. Em vez de uma proibição total de acesso aos videogames, é preferível que os responsáveis entendam o funcionamento deles, procurem conhecer os amigos ‘virtuais’ das crianças e as opções de filtro e segurança disponíveis em cada plataforma. É prudente também mantê-los ao alcance da vista, para poder observar suas reações.
Logo abaixo algumas dicas sobre segurança.
Com estes cuidados, é bem provável que você, ao mesmo tempo que educa, encontre uma nova forma de brincar com seu filho. Sobre o Roblox, que falarei especificamente na próxima coluna, em casa, é momento de brincadeira em família e muita diversão!
Dicas de Segurança
O site UK Safer Internet Centre postou um guia para cuidadores de crianças com menos de 13 anos que jogam Roblox, dando dicas de como configurar o jogo para proteger os pequenos da maldade dos adultos:
1) Mantenha-se informado e tenha conversas regulares com seus filhos
É importante saber o que os pequenos estão jogando, já que o interesse dos cuidadores pode facilitar que as crianças recorram a eles quando encontrarem alguma situação estranha ou desconfortável ao jogar. Não deixe de saber onde as crianças jogam, com quem elas interagem e até mesmo jogue com elas, conhecendo as possibilidades das plataformas.
2) Ajude as crianças a entenderem a importância das informações pessoais
Ensinar as crianças a manterem seguras suas informações pessoais, como nome, endereço e onde estudam, é primordial. É bom instruir que a criançada conte a um adulto caso as conversas do chat saiam do tema do jogo e envolvam perguntas sobre a vida pessoal dos gamers, envio de links e imagens, ou mesmo pedidos de encontros offline entre jogadores.
3) Defina regras sobre o gasto de dinheiro em jogos
Gastar dinheiro real em jogos é um dos assuntos que os cuidadores devem abordar com suas crianças. Os adultos devem estabelecer limites que funcionem para o orçamento de suas famílias, e ensinar às crianças que é necessário pedir permissão antes de gastar dinheiro nos jogos.
4) Conheça e use as ferramentas de segurança disponíveis
Há diversas ferramentas voltadas para a proteção das crianças disponíveis nos jogos, inclusive em Roblox. Ensine às crianças a utilizar os mecanismos de bloqueio e de denúncia. Há também o controle parental, que permite que os adultos configurem senhas de segurança e façam restrições nas contas de seus filhos.
5) Encoraje as crianças a reportarem aos adultos qualquer situação estranha ou desconfortável
Lembre sempre às crianças que, caso elas se sintam desconfortáveis ou vejam conteúdos inapropriados, sejam abordadas no chat com comentários maldosos ou bullying, ou qualquer outra situação que traga sentimentos ruins, elas possam contar o que está ocorrendo para algum adulto que elas confiem e pedir ajuda.
Fonte: BBC, Safer Internet
Por Rodrigo Montezzo