Foi sepultado na tarde dessa terça-feira (16), no cemitério São João Batista, em Rio Claro, o corpo do senhor Armando Turolla, um dos mais estimados e conhecidos ex-colaboradores do Diário do Rio Claro.
Morto na noite de segunda-feira (15) aos 98 anos, deixou a esposa Maria de Lourdes Russo Turolla, irmã de nossa diretora-presidente, Jacira Russo Zanello, e os filhos Armando Júnior, Neide e Neusa, os netos Andréa Paula, Luís Fernando, Milena, Gabriela, Rafael e João Vitor, e os bisnetos Lucas, Mateus, Gabriela, Maria Eduarda, Júlia e Mariana.
Exerceu a função de mecânico durante muito tempo na Skol-Caracu – antiga Cervejaria Rio Claro. Pessoa de confiança de Francisco Scarpa, controlador da empresa, também fazia serviços de manutenção nas casas da família em Rio Claro e São Paulo. Antes disso, com o irmão Tito, trabalhou em serralheria montada na Avenida 12, esquina da Rua 1, onde moravam seus pais José e Matilde.
CENTENÁRIO
Turolla ingressou no Centenário no começo da década de 1980, quando o empresário Geraldo Leonardo Zanello, seu concunhado, adquiriu o jornal.
Responsável pelos serviços de cobrança, principalmente das assinaturas, percorria as ruas do centro e dos bairros de bicicleta. Adorava esse meio de locomoção e só deixou de utilizá-lo quando perdeu a visão em decorrência de uma cirurgia ocular malsucedida para tentar livrá-lo do glaucoma, doença congênita que também vitimou seus irmãos.
BOLEIRO
Apesar deste imprevisto que limitou seus movimentos, Turolla jamais perdeu o bom humor ou deixou de lado suas paixões. Uma delas, sem exagero, podia ser adjetivada como “avassaladora”: o Corinthians, de quem era torcedor fanático e não perdia um jogo, apesar da limitação visual. Ouvido colado no rádio de pilha, comemorava as vitórias e cornetava treinadores e atletas quando o time deixava a desejar.
A outra paixão a quem devotava fidelidade praticamente até os últimos dias de vida era a cerveja Antarctica – só a fabricada em Ribeirão Preto -, que saboreava na temperatura certa e jamais deixava faltar na geladeira.
JOGADOR
Turolla também teve passagens como jogador de futebol na Cidade Azul. Segundo informações de José Carlos Arnosti – mantenedor do Memorial do Rio Claro Futebol Clube – , ele atuou no time juvenil do Rio Claro FC entre 1938-1939. Apaixonado pelo Galo Azul, foi homenageado no Centenário do Azulão, em 2009.
“Nós do Memorial [do Rio Claro Futebol Clube] o visitamos algumas vezes, chegamos a homenageá-lo no Centenário do Rio Claro FC em 2009. Somente as pessoas boas vivem tanto. Descanse em paz e aqui fica registrada a nossa homenagem”, disse Arnosti.
CURIOSIDADE
Sobre o período em que trabalhou no Diário, o médico Luiz Wehmuth Neto, seu sobrinho e diretor deste matutino na época, recorda um fato curioso. “Ele sabia de cor o número das casas, se dispunham de áreas para o entregador jogar os jornais e se os assinantes estavam em dia”, comenta o dermatologista.
Há quem atribua essa boa memória ao período em que Turolla teria feito bico no apontamento de jogo do bicho. Para evitar qualquer flagrante na contravenção, dispensava o papel, guardava as apostas na cabeça e as repassava a quem de direito. Se isso é verdade, só o bom e já saudoso “tio Armando” poderia confirmar.