O Purple Day foi criado no ano de 2008 por uma canadense de nove anos: Cassidy Megan, em uma parceria com a associação de epilepsia da Nova Escócia, no Canadá.
A cor roxa foi escolhida devido à flor de lavanda, que é associada ao sentimento de solidão, representando o sentimento vivido por pessoas que são portadoras de epilepsia.
Com o intuito de falar a esse respeito, haja vista que o Purple Day, ou Dia Roxo, foi comemorado no último dia 26 de março e representa um esforço internacional para aumentar a conscientização acerca da epilepsia, o Diário do Rio Claro conversou com Daniela Hildebrand, neurocirurgiã que, muito gentilmente, atendeu à solicitação da reportagem.
De acordo com a especialista, no Brasil a epilepsia atinge até 2% da população. Conforme ela, o objetivo do Purple Day é orientar a população no tocante à necessidade de auxílio por parte dessas pessoas, informando e promovendo a inclusão social e esclarecendo sobre a epilepsia.
Definição e sintomas
Daniela explica que se trata de uma alteração temporária e reversível do funcionamento cerebral. “Durante segundos ou minutos, uma parte do cérebro emite sinais incorretos e podem ser restritos a esse local (crise focal) ou espalhar-se pelos hemisférios cerebrais (crises generalizadas)”, explana.
A médica diz que em crises de ausências, o paciente apresenta-se desligado por alguns instantes, retornando às atividades em seguida.
Já as crises parciais simples são sensações estranhas, distorções de percepção, movimentos descontrolados de uma parte do corpo, medo repentino, desconforto gástrico, alucinações auditivas e até visuais.
“Além desses sintomas, o paciente pode perder a consciência. Quando isso acontece, chamamos de crise parcial complexa. Logo após essas crises, o paciente pode ficar confuso e com déficits de memória. Pacientes com crises tônico-clônicas, perderão a consciência e cairão, ficando rígidos e com extremidades contraídas. Perdas esfincterianas podem ser comuns, gerando um constrangimento intenso nesses portadores”, expõe a especialista.
A neurocirurgiã destaca que outros tipos de crises podem acontecer, porém, as mencionadas são as mais comuns. Segundo ela, crises longas podem gerar danos cerebrais irreversíveis. Trauma craniano, inclusive em partos, abuso de álcool, drogas e outras doenças neurológicas podem facilitar o aparecimento da epilepsia.
Diagnóstico e tratamento
Daniela enfatiza que exames complementares auxiliam no diagnóstico (EEG/tomografia/ressonância cerebral). “Exames normais não excluem a doença. O acompanhamento médico é frequente com medicações controladas, exames laboratoriais constantes e orientações e suporte psicológico.”
A médica diz que, frequentemente, os pacientes se sentem inseguros e com medo de novas crises e acabam em um isolamento social. Após anos de tratamento medicamentoso e sem crises, as doses serão reduzidas até a sua retirada.
“Muitas drogas modernas vêm sendo utilizadas (com poucos efeitos colaterais), contudo, as antigas ainda favorecem muitos tratamentos.
A politerapia é bastante utilizada”, afirma Daniela.
Atualmente, conforme a profissional, as pessoas portadoras de epilepsia levam uma vida normal, destacando-se profissionalmente. “As orientações são inúmeras, como não ingerir bebidas alcoólicas, não passar noites em claro, evitar situações de stress, etc.”, orienta.
Quando da crise – orientações
No momento da crise, acomode a pessoa para que não corra risco de grandes traumas; afrouxe as roupas e lateralize para não correr broncoaspiração; não tente enfiar os dedos na boca do paciente para que os mesmos não sejam fraturados; pacientes não irão engolir a língua; e a doença não é contagiosa.
Por fim, Daniela Hildebrand diz que a orientação ao paciente e aos familiares é extremamente valiosa e as informações trazidas na consulta ajudam nos tratamentos e ajustes necessários.