Uma das invenções mais geniais e diabólicas do mundo chama-se cartão de crédito.
Um banco ou administradora te oferece um pedacinho de plástico com uma tarjeta magnética e um chip onde estão guardadas todas as suas informações e, o mais mágico de tudo, um limite de gastos. Como não podia ser em outro lugar, o cartão de crédito foi criado nos Estados Unidos.
Diz a lenda que em 1949, o advogado Frank McNamara marcou um almoço em Nova York e, na hora da conta, percebeu que estava sem a carteira. A partir daquele episódio, McNamara teve a idéia de criar um cartão que pudesse ser usado para pagar contas depois de alguns dias.
Com os sócios Ralph Schneider e Casey Taylor, criou a Dinners Club, administradora do Dinners Club Card, inicialmente aceito apenas em 27 restaurantes de Nova York. De lá para cá o negócio dos cartões só expandiu e se tornou um dos mais rentáveis do planeta para as administradoras e bancos.
Nas operações feitas com o cartão não há, ali no ato da compra, a visão de uma troca. Psicologicamente pode ser devastador para algumas pessoas. Subverte-se a própria lógica mercantil, da troca. Trocamos mercadorias, bens de consumo, por dinheiro. Com os Credit Cards tão cobiçados e desejados essa relação é subvertida.
A administradora compra para você e você a paga depois. Resistir ao impulso da compra de um bem muitas vezes supérfluo, muitas vezes é quase impossível com um cartão de crédito nas mãos. Com eles, a chata experiência do pagamento está separada do ato prazeroso da compra.
“Por que a vida é agora”, dizia uma antiga campanha publicitária dos cartões Visa convidando o espectador a consumir pensando que nesse ato está a felicidade.
Esquizofrênico, o mercado financeiro, sustentado por bancos cuja filosofia e missão são de uma hipocrisia enorme mandam você consumir mais do que pode e ao mesmo tempo pede que você poupe dinheiro.
Não só no quesito cartões de crédito, mas em todas as modalidades de crédito oferecidas hoje, o que na verdade estão fazendo é transformar uma pessoa que pensa em “poupar para depois comprar” num devedor eterno. Dá mais lucro. Somos todos vítimas, sem exceção. E depois não entendem por que nascem tantas crises econômicas.