Morreu na tarde de terça-feira (5), aos 54 anos, por volta das 16 horas, o jornalista e ouvidor de Rio Claro, Carlos Marques.
Ele teve um infarto e morreu em sua casa. O sepultamento aconteceu nessa quarta-feira (6), no Cemitério Municipal São João Batista.
Sua última ação como ouvidor municipal foi o desenvolvimento da versão digital do Diário Oficial, o DO-e, depois de o prefeito João Teixeira Junior, o Juninho da Padaria (Democratas) ter decretado o fim da versão impressa do dispositivo.
Marques trabalhava na segunda etapa do projeto, que consistia na construção do Sistema de Informações Municipais (SIM), órgão implantado no Plano Diretor 2017, e que seria responsável por disponibilizar ao cidadão informações legais e oficiais. Na última entrevista concedida ao Centenário, Marques declarou que a conclusão dessa etapa proporcionaria mais transparência das ações do poder público.
IMPORTÂNCIA
De acordo com a jornalista Silvia Venturoli, que ocupa função administrativa na Fundação Ulysses Guimarães de Rio Claro, Carlos Marques foi responsável por implantar a primeira redação completamente digital no município, ainda na década de 1990.
ERA DIGITAL
Em 1997, deu início a uma nova era no jornalismo local ao lançar o site Guia Rio Claro, que a princípio começou oferendo serviços e logo se transformou em uma nova via de informação. O portal, se não o primeiro, marcou época, e se tornou leitura obrigatória no meio político e cultural da cidade.
Na segunda metade dos anos 2000, iniciou campanha para o fim da versão impressa do Diário Oficial em seu site, obtendo resultado somente quando já ocupava o cargo de ouvidor na prefeitura, em dezembro de 2018.
O jornalista José Rosa Garcia definiu o colega de imprensa como um “pioneiro na comunicação digital”.
REVISTA
Com produtos estagnados no mercado rio-clarense, tanto do ponto de vista gráfico, quanto editorial, Marques desenvolveu a revista Drops. Com acabamento gráfico impressionante, reunia moda em ensaios super profissionais, dicas, reportagens e entrevistas.
Conteúdo antes nunca visto em publicações do segmento em Rio Claro. O músico Tom Zé, o cartunista Maurício de Souza, o ator Lázaro Ramos, os apresentadores Marcelo Taz, Serginho Groisman e Pedro Bial, o publicitário Washington Olivetto, além de muitas outras figuras do cenário nacional foram destaque da revista.
O jornalista Marcelo Lapola, que foi editor ao lado de Marques na Drops, lembrou do período que chamou de ‘mais criativo da sua carreira’. “A Drops foi o fruto da inteligência dele. De querer criar uma revista arrojada, despojada. Foi um período muito produtivo, onde trabalhei com mais liberdade de criação”, enfatiza.
Lapola destaca que mesmo com o curto período de duração, 48 edições, a publicação focou na qualidade dos textos. “Era um projeto editorial que o Carlos cuidava pessoalmente e mostrava que era possível fazer algo saindo da província”, frisa.
POLÊMICO
Suas polêmicas marcaram época. Seja nos editoriais do Guia Rio Claro ou nas manifestações na Câmara de Rio Claro, onde diversas vezes empunhou cartazes e cobrava pessoalmente políticos do município.
Venturoli destacou que mesmo com carreira curta, já que partiu cedo, teve um trabalho intenso. “Era polêmico, persistente em seus propósitos, difícil de temperamento e muitas vezes incompreendido. Sua trajetória foi curta, mas intensa, foi fera. Carlos Marques sempre mereceu todo respeito”, diz.
O posicionamento crítico do jornalista foi ressaltado por Garcia. “[Era] idealista e crítico vigoroso aos desvios de conduta dos governantes. Formado em Filosofia, usava boa parte da base acadêmica para defender seus pontos de vista. Era, acima de tudo, um visionário”, reforça.
Já Lapola destacou que Marques sempre foi muito exigente, tentando obter o melhor do profissional sob seu comando. “Sempre foi muito exigente, tentando arrancar da gente o melhor. Foi muito importante essa experiência para mim”, finaliza.