Moramos em cima de uma bola. E assim, de tanto viver na superfície dessa esfera, que pequenina diante da imensidão do Universo, e que viaja ao redor de outra bola maior que acostumamos a chamar de sol, acabamos por amar as bolas. Seu movimento, alegre, saltitante, rotativo é o que há de mais lúdico na Natureza.
E, muito tempo depois do Big Bang que deu origem a tudo, a primeira bola na face da Terra talvez tenha sido criação da própria Natureza.
Quem sabe um pedaço de rocha, anguloso e entediante em sua essência mineral, se desprendeu do topo de uma montanha e começou batendo seus cantos, ricocheteando, quicando, saltando, batendo, para terminar sua jornada rolando, rolando, redondinha. Pronto, a primeira bola estava criada, à espera de um homo sapiens.
A primeira bola, em cima dessa linda bola em que moramos, ao que tudo indica, foi de pedra. Pedra, não! Rocha, para não ofender os geólogos.
De lá para cá, foram-se uns milhõezinhos de anos, e o homem surgiu para aperfeiçoar ainda mais a forma mais perfeita, segundo Aristóteles.
Faça o teste. Impossível uma criança, menina ou menino, ver uma bola e não sorrir. Quando não já erguem o pezinho com o intuito de chutá-la. Ou abrem os braços para abraçá-la e em seguida jogá-la para que role pelo chão.
As mais antigas bolas feitas pelo homem que temos notícias, remontam há 6.500 anos e já fizeram parte da vida de gregos, romanos, japoneses e chineses. Além da diversão pura e simples, as bolas já decidiram desavenças entre tribos rivais ou foram figuras centrais em celebrações ritualísticas.
A bola pode ser oca e repleta de ar, como a bola de futebol, ou sólida, como a bola de bilhar ou de golfe. Na maioria dos jogos, as jogadas acontecem em função do estado em que ela está sendo acertada, chutada ou arremessada pelos jogadores.
Quase todos os esportes utilizam bolas, sem esquecermos das “ovais” de rúgbi e futebol americano. Beisebol, basquete, bilhar, boliche, críquete, futebol, golfe, handebol, hóquei, pólo, squash, tênis, tênis de mesa, voleibol e muitos outros.
Exatos 70 centímetros de circunferência no máximo e mínimo de 68 centímetros, peso entre 450g e 410g, pressão interna a 0,6 – 1,1 atmosferas ao nível do mar. Eis as dimensões exatas da pequena, conforme determinação da Fifa. E quem aprecia, torce, vibra, sofre pelo seu time e pela seleção sente que no fundo, no fundo quem diz que futebol são “22 caras correndo atrás de uma bola”, talvez ainda não aprendeu que a essência vai muito além dos que nossos olhos veem.
Nos 90 minutos em que “correm” atrás de uma bola, dramas são vividos, alegrias e tristezas são compartilhadas, a superação acontece e muito mais. Vai ver, criamos o futebol como uma metáfora da nossa própria vida. E tudo feito com esse “brinquedo mágico que se submete suavemente à vontade do homem”, nas palavras de Armando Nogueira.
Se a nossa casa pela imensidão do Universo, é uma bola, é natural que nos reunamos aos milhares, aos bilhões ao redor dela para ver pequenas bolas rolarem em gramados com 22 felizes jogadores. E pensar que ainda tem gente que ainda acredita que a Terra é plana.