A falta de medicamento é uma realidade que tem afetado diversos pacientes em Rio Claro nos últimos dias e até meses.
É o caso da atendente Rafaela Fiama Fresnedoso, que entrou em desespero ao saber que o remédio de alto custo da mãe estava em falta. “Minha mãe sofre de problemas psiquiátricos, não pode ficar sem os remédios que fazem o controle, caso contrário, pode enfrentar surtos”, disse ao Diário do Rio Claro.
O medicamento para controlar a saúde de Sônia Regina Luciano é o Carbonato de Lítio. São três comprimidos por dia. Na unidade, apenas as receitas foram entregues. “Disseram que não tem previsão, que era para eu juntar a família e comprar. Porém, não tenho com quem contar. Só somos nós, tenho duas filhas pequenas e já faltei várias vezes no trabalho para cuidar da minha mãe, tenho até medo de perder o emprego”, relatou Rafaela.
A cuidadora de idoso Maria Aparecida também já foi várias vezes buscar os remédios na Farmácia do Cervezão e não encontrou todos. “Da última vez, consegui o Sertralina, que também ficou em falta, agora, o Amitripilina já faz muito tempo que não tem, precisei comprar e paguei R$ 60 a caixa que dura apenas um mês”, relatou.
E não para por aí. Falta também para tratamento contra asma, uma outra reclamação que chegou ao Diário do Rio Claro. “Minha mãe pega no Cead. Ela já foi três vezes buscar e remarcam para retornar, porque não tem o medicamento. E são vários casos de remédios controlados que estão em falta”, contou a filha de uma paciente que prefere não se identificar.
TRATAMENTO CONTRA O CÂNCER
Um outro paciente de Rio Claro também enfrentou o drama de ficar sem o remédio necessário para o tratamento contra o câncer. Dois meses de espera e a família teve que se virar para comprar os remédios, que não são poucos: uma média de 12, devido a outras comorbidades. “Ficamos na espera e nada, aí tivemos que dar um jeito e comprar. Mas, independente do valor, pagamos nossos impostos, é nosso direito”, relatou um parente.
No final de janeiro, conseguiram retirar na rede o Doxazosina. Apesar disso, a família teme faltar novamente. “Ele precisa todo mês. Só quem passa sabe o desespero”, disse o familiar.
Além de aguardar dois meses pelo medicamento, o paciente esperou mais seis para começar a radioterapia, que é feita em Piracicaba. “A revolta é enorme”, completou a filha do paciente.
No caso de Rafaela, citado no início da matéria, a sorte é que ela resolveu postar o problema nas redes sociais e muita gente ajudou.
“Viram minha publicação e pessoas que tinham o medicamento sobrando, doaram, graças a Deus, porque na rede pública continua o descaso”, desabafou. Porém, a quantidade vai ser suficiente apenas para um mês. “Tenho medo dela entrar em crise novamente, ela fica agressiva, impulsiva, inquieta, espero que seja resolvida a situação”, lamentou a atendente.
PREFEITURA
Questionada pelo Diário do Rio Claro, a assessoria de comunicação informou, através de nota, que a Fundação Municipal de Saúde de Rio Claro, por meio do setor de Farmácias Municipais, garantiu a normalidade no fornecimento do medicamento Carbonato de Litio para tratamento de pacientes psiquiátricos atendidos pela Rede Municipal de Saúde Mental.
“O fornecimento desse medicamento pela prefeitura foi normalizado na sexta-feira (15), embora a entrega pelos laboratórios siga comprometida por conta de falta de matéria-prima nas fábricas”, diz a nota.
“Tão logo detectamos o problema, notificamos o nosso fornecedor e, paralelamente, estamos conseguindo o medicamento a partir de estoques remanescentes de outros municípios. A expectativa dos fornecedores é de que a entrega desse medicamento esteja totalmente normalizada nas próximas semanas”, explica o secretário de Saúde, Djair Francisco.
De acordo com informações da gerência do setor de farmácias, na sexta-feira foram disponibilizados 600 comprimidos na farmácia municipal do Cervezão. Na segunda-feira (18), mais dois mil comprimidos foram disponibilizados aos pacientes. Nessa terça-feira (19), a Fundação de Saúde também articulou, junto ao Departamento Regional de Saúde, a obtenção em caráter emergencial de mais 10 mil comprimidos de Carbonato de Lítio.
Outro medicamento, cujo fornecimento já foi normalizado, é a Olanzapina, disponível desde segunda-feira (18) na rede municipal, na Farmácia de Alto Custo. A Fundação Municipal de Saúde esclareceu ainda que para o medicamento Amitriptilina, existem substitutos disponíveis na rede. São eles: a Sertralina e a fluoxetina, de acordo com a avaliação médica.