Depois da Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp) divulgar o reajuste médio de 35% nas tarifas de gás canalizado – divulgado no Diário Oficial do Estado no dia 1º de fevereiro deste ano -, diversas entidades que representam setores da indústria se manifestaram contrários.
É o caso da Associação Paulista das Cerâmicas de Revestimento (Aspacer), que na última terça-feira (5) realizou reunião no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, para discutir o reajuste.
Na ocasião, o diretor de Relações Institucionais e Governamentais da entidade com sede em Santa Gertrudes, Luís Fernando Quilici, se reuniu com o vice-governador Rodrigo Garcia (Democratas), e representantes do governo Estadual, inclusive, membros da própria Arsesp. “Encaminhamos questões fundamentais, entre elas, o cancelamento do reajuste médio de 35% na tarifa do gás canalizado e a necessidade da abertura dos dados dos contratos entre Petrobras e distribuidora para o setor entender os motivos dos reajustes e melhorar a fiscalização”, destaca.
PROGRESSO
Nova reunião aconteceu nessa sexta-feira (8), desta vez também com a presença da procuradora do Estado. “Ela tomou conhecimento da dificuldade do acesso aos contratos entre a Petrobrás e a distribuidora e se comprometeu a avalizar o caso”, conta.
Outro ponto observado por Quilici é que a distribuidora de gás canalizado se comprometeu a iniciar a discussão para apresentar alguma proposta de repactuação do reajuste. “Semana que vem teremos uma posição”, diz.
IMPACTO
Quilici destacou que a Aspacer considera o aumento fora de contexto. “Para nós é irrazoável. Sobretudo na conjuntura econômica que estamos vivendo. É impraticável a indústria absorver”, diz.
Considerando o reajuste, o diretor da entidade adiantou que o insumo vai representar de 30% a 40% do custo total de fabricação do metro de cerâmica. “É impraticável assimilar. Vai impactar drasticamente Rio Claro e região”, completa.
O consumidor final também será atingido, conforme explicou Quilici. “O impacto nos custos da indústria deve ocasionar um aumento no custo final da ordem de 10%”, frisa.
REGIÃO
Na região, mais de 20 indústrias cerâmicas utilizam o gás canalizado, mas Quilici aponta que somente Rio Claro e outras 18 indústrias de outros segmentos utilizam o gás em maior ou menor escala.
PESO
Este é o segundo reajuste no insumo em menos de sete meses. Em junho, ocorreu um aumento de 20%. “No entanto, aquele reajuste já era esperado pela indústria, já que uma vez por ano ocorre o aumento. Mas se você somar, o aumento é de 55%”, sustenta.
Por fim, o diretor destaca que ações como essa afetam a previsibilidade do setor.
Fiesp emite nota afirmando que reajuste do gás em 35% é um “absurdo”
Nota encaminhada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) destaca que o reajuste de 35% nas tarifas no gás vai impactar toda indústria do Estado de São Paulo. “Não há empresa capaz de lidar com variação abrupta de 35% no custo de qualquer insumo”, diz o comunicado.
A entidade destaca ainda que espera que a Arsesp, responsável pelo reajuste, encontre uma solução razoável para evitar um desequilíbrio de mercado e prejuízo às empresas e aos consumidores.
“Um reajuste dessa magnitude é uma afronta. Isso atinge a competitividade e a saúde financeira das indústrias e eleva o custo do produto final”, finaliza.