“Dizem que ofendo as pessoas.
É um erro. Trato as pessoas como adultas. Critico-as. É tão incomum isso na nossa imprensa que as pessoas acham que é ofensa. Crítica não é raiva. É crítica.” Essa é apenas uma das centenas de afirmações feitas pelo Grande Jornalista Paulo Francis ao longo de sua profícua carreira.
Nascido no dia 2 de setembro de 1930, no Rio de Janeiro, Franz Paul Trannin da Matta Heilborn iniciou como crítico de teatro, depois atuou em vários jornais, entre os quais O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo, e o inigualável, O Pasquim – um marco na Imprensa Alternativa.
ONTEM, completaram 22 anos desde aquele 4 de fevereiro de 1997 em que o jornalismo ficou mais opaco com a sua morte repentina e, como não poderia deixar de ser, o Diário do Rio Claro – que há 132 anos mantém o leitor rio-clarense bem informado registrando dia após dia os principais fatos da Cidade Azul, do Brasil e do Mundo – traz à tona sua brilhante trajetória. Na infância, dividiu os estudos entre um internato na Ilha de Paquetá e o Colégio Santo Inácio. Em seguida, frequentou a Faculdade Nacional de Filosofia [FNFi] e cursou Literatura Dramática na Universidade de Columbia, em Nova Iorque.
Na imprensa, ganhou notabilidade como crítico de teatro do Diário Carioca, entre 1957 e 1963, quando, convidado por Samuel Wainer, assumiu uma coluna política em Última Hora. A partir de 1964 e durante toda a Ditadura Militar, esteve à frente do semanário O Pasquim e, também, da Tribuna da Imprensa, de Hélio Fernandes – Lenda Viva do Jornalismo, HOJE com 98 anos! Em 1971, mudou para Nova Iorque, onde atuou como correspondente da Revista Status, e, após 1976, do jornal Folha de S. Paulo. Nos Anos 1980, passou pelo Estadão e virou comentarista televisivo das Organizações Globo, onde exagerava na voz arrastada e grave, sua marca registrada. O ápice foi a bancada do Manhattan Connection, que dividia com Lucas Mendes, Caio Blinder e Nelson Mota.
Na Literatura.
‘Cabeça de Papel’ e ‘Cabeça de Negro’ alcançaram relativo sucesso de público
No fim da década de 1970, Paulo Francis lançou dois romances: ‘Cabeça de Papel’ e ‘Cabeça de Negro. O Centenário ouviu o escritor rio-clarense José GFrancis dividiu a bancada com Lucas Mendes, Caio Blinder e Nelson Motaeraldo da Costa Júnior, que definiu sua escrita com uma palavra: única. “Impossível imitar o seu jeito e estilo, algo esnobe-elegante na maneira de escrever e expressar, fato que chamava muito a atenção. Suas ideias eram bem peculiares, algumas até absurdas, entretanto, não omitia opiniões.
Fora um romancista frustrado, como confessara, embora seus livros tenham alcançado relativo sucesso de público. ‘Cabeça de Papel’ e ‘Cabeça de Negro’, ambos publicados no fim dos anos 1970, são obras a serem descobertas pelos brasileiros. Francis era amante inveterado do bom teatro, porém, acima de tudo, um polemista que faz muita falta”, enfatizou Costa Júnior.
Manhattan Connection.
Francis dividiu a bancada com Lucas Mendes, Caio Blinder e Nelson Mota
Foi no Manhattan Connection – atração jornalística exibida até HOJE aos domingos na Globo News -, que Paulo Francis brilhou ao lado de Lucas Mendes, Caio Blinder e Nelson Mota de 1993, quando da estreia do programa, até a sua morte, em 1997. Aliás, foi nele que Francis propôs a privatização da Petrobras e acusou os diretores da estatal de possuírem milhões de dólares na Suíça.
A acusação resultou em processo na justiça americana, fato que abalou a saúde do jornalista que, aos 66 anos, sofreu um ataque cardíaco. Seu corpo foi trasladado de Nova York e jaz no Cemitério de São João Batista.