ARMAS
O decreto que flexibiliza a posse de armas, assinado pelo fanfarrão Bolsonaro (PSL) nessa terça-feira (15), já encontrou resistência dos oposicionistas, que prometem derrubar a iniciativa. Discutido pelos motivos errados tanto de um lado quanto de outro, o tema incide em outra questão: a liberdade de escolha do cidadão.
O princípio é o mesmo para outros assuntos, como, por exemplo, a veiculação de publicidade infantil (que foi proibida pelo governo), o casamento homoafetivo e até mesmo a descriminalização da maconha. Em tese, é o Estado interferindo o mínimo possível na decisão da menor minoria: o indivíduo.
Não se trata de garantir a segurança pessoal, mesmo alguns acreditando que são a encarnação do Justiceiro (sim, aquele personagem em quadrinhos que é uma crítica ao sistema de segurança pública), mas uma carta de crédito em prol da liberdade individual. Basicamente é isso: se você não é favorável a ter uma arma em casa, não compre.
Da mesma forma que se não for favorável ao casamento homoafetivo, não se case com um homossexual. Agora, tenta deixar seu filho assistir uma programação infantil de qualidade na TV. Não vai conseguir, já que o governo fez o favor de proibir a publicidade que garantia a receita para a produção dos programas.
CAPITÃO DO MATO
Na coluna Tempestade de Amianto de domingo (13), o jornalista Odair Favari defendeu a nomeação de Ricardo Velez Rodrigues ao Ministério da Educação e enfatizou como “boa nova” a escolha de Bolsonaro. Como já destaquei nesta coluna, uma das primeiras ações de Velez à frente do ministério foi acabar com a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi), responsável, entre outras coisas, pelas políticas públicas relativas aos deficientes. Não.
O jornalista não mencionou a extinção da secretaria e preferiu surfar no mais do mesmo: criticou o educador Paulo Freire, um dos mais notáveis pensadores da história da pedagogia do mundo, e reforçou a falsa afirmação de que “o lixo marxista se instalou nas instituições de ensino” (situação que caiu por terra com a eleição de Bolsonaro, já que se houvesse doutrinação o capitão da reserva de extrema direita não teria sido eleito).
Para os que não sabem, Odair é meu irmão preferido (pois é o único), nascemos sob o mesmo teto e dividimos um quarto durante anos. Um quarto de uma casa que existia apenas um livro: a Bíblia. Já sonhamos os mesmos sonhos e já tentamos mudar o mundo. Acredito que falhamos. Ambos. Respeito a opinião do jornalista, mas não posso compactuar com a disseminação de informações equivocadas, reforçando a inclinação ao ódio sobre correntes diferentes de pensamento.
Hoje, Odair é defensor da ‘nova ordem’. Capitão do Mato desse novo ‘status quo’ que se inicia. É parte da vidraça. Eu continuo pedra, seja neste ou naquele governo. Continuo acreditando no jornalismo como ferramenta de transformação social e não como propaganda de um ideário, seja ele de esquerda, centro ou direita. E prossigo com fé na força da democracia e no encontro de ideias opostas, de onde surgem as melhores soluções.
SILÊNCIO
A Câmara está em período de recesso e, como abordou o colunista Eduardo Sócrates em sua coluna, anda meio paradona, em um silêncio sepulcral. Os vereadores parecem ter aproveitado para se esconder da população. Dizem que o silêncio fala mais do que mil palavras.
POR FIM
O showman Doria (PSDB) mal assumiu e já voltou atrás em uma das promessas de campanha. O malandrinho vetou projeto que autorizava o funcionamento 24 horas das Delegacias da Mulher no Estado. Facada nas costas de quem apostava que o novo governador ampliaria o leque de dispositivos de segurança. E estamos apenas há 16 dias no ano de 2019.
CABRIOLAS
– Nem tudo o que está à margem é desprezado pela sociedade. No capitalismo, por exemplo, a melhor e mais disputada por todos é a margem de lucro.
– Da série “Percebi que virei alcoólatra”: Todo dinheiro que ganhei na vida representa menos da metade da minha tolerância alcoólica.