Levantamento feito com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE, aponta que é preciso ter pelo menos 12 anos de estudos para ganhar mais de R$ 2.196, média que o trabalhador brasileiro recebe por mês.
Segundo a pesquisa, o rendimento médio por anos de estudo é de R$ 1.092 para pessoas não alfabetizadas e fundamental I (completo e incompleto); R$ 1.334 para trabalhadores que possuem fundamental II (completo e incompleto); e R$ 1.646 para quem tem ensino médio (completo e incompleto). Somente quem ingressou ou está cursando o ensino superior é que recebe R$ 2.330.
Já os trabalhadores com superior completo ou mais têm maior rendimento e chegam a receber R$ 5.084.
CHANCES
A professora e pesquisadora da Unesp Rio Claro, Ana Tereza Cáceres Cortez, acredita que trabalhadores graduados têm mais chances no mercado de trabalho, mas destacou que, na prática, os salários só são melhores com a pós-graduação.
Sobre o valor médio que recebe um graduado, frisou: “só graduação, atualmente, está abaixo do que deveria”, esclarece.
Para ela, o rendimento não corresponde com o tempo de formação. “Infelizmente, não há a valorização merecida”, enfatiza, ao ressaltar que o mercado não consegue absorver a mão de obra devido à conjuntura do país.
MUDANÇA CONCEITUAL
O professor doutor em educação, Cesar Leite, acredita que a formação superior ganhou caráter tecnicista para legimitar algumas práticas dentro de empresas e serviços. “Muitas vezes, o jovem desiste de uma formação superior exatamente porque ela não reflete em melhores condições de trabalho e remuneração”, esclarece.
Ele acentua que as empresas exigem a formação, mas isso não garante bons salários. “Isso [a exigência da empresa] não implica necessariamente em um ganho significativo maior e adequado ao tempo de estudo da pessoa”, diz.
COMPLEXO
O graduado em Letras José Renato Fernandes acredita que o cenário é bem mais complexo. “Curso superior não garante mais dinheiro para 80% dos formandos. Principalmente em áreas criativas”, opina.
Ele citou o mercado informal como alternativa para os profissionais de áreas criativas. “Boa parte acaba saindo da faculdade para trabalhar de maneira autônoma como freelancers”, disse ao citar o próprio exemplo.
QI
Ieda Genizelli, que é graduada em Artes Visuais, diz que os cursos superiores podem garantir salários melhores, mas enfatizou que a prática na região ainda passa pela “indicação”. “O ‘quem indica’ ainda é mais forte, pelo menos em nossa região. Mas, no caso de um concurso, o ensino faz diferença, sim, para garantir um cargo e um melhor salário”, analisa.
BAIXA
Ieda diz que há baixa absorção de profissionais qualificados no mercado de trabalho. “Por isso que muita gente graduada está desempregada ou ganhando a mesma coisa que uma pessoa sem referências, experiência. O mercado não supre a questão dos salários exatamente, e nem de vagas para as pessoas com melhor qualificaçao”, comenta sobre sua sensação diante do cenário.