
Acelera Tici: Tá chegando a hora…
A marchinha “Está chegando a hora” é uma versão da música “Cielito Lindo”, uma canção tradicional mexicana composta em 1882 por Quirino Mendoza y Cortés. No Brasil foi lançada e faz sucesso desde então, no Carnaval de 1942 na voz de Carmen Costa. A letra diz muito sobre a nossa relação com a F1 e a falta que ela nos faz desde o último GP em 2024. É a nossa trilha musical nesses dias ainda um pouco carnavalescos.
Quem parte leva
Saudades de alguém
Que fica chorando de dor
Por isso, não quero lembrar.
Quando partiu meu grande amor
Ai ai ai ai, ai, ai
Está chegando a hora
O dia já vem raiando, meu bem
E a F1 volta, não vejo a hora.

Na semana que vem, já anotem os horários de Brasília para não perder nenhum detalhe.
13 Março Treinos Oficiais 1 22:30 – 23:30
14 Março Treinos Oficiais 2 02:00 – 03:00
14 Março Treinos Oficiais 3 22;30 – 23:30
15 Março Classificação 02:00 – 03:00
16 Março Corrida 01:00
E tem regulamento novo anunciado esta semana
Não apenas no regulamento técnico, às vésperas da temporada de 2025 a FIA também interveio no regulamento esportivo da Fórmula 1. O objetivo, como sempre, é reduzir ao mínimo as áreas cinzentas e possíveis brechas, que surgiram nos últimos anos, bem como aumentar o nível de segurança na pista. As largadas nos boxes e o gerenciamento na pista dos carros danificados após um acidente estarão, portanto, sujeitos a mudanças.

A FIA revisou o Artigo 43.8 do Regulamento Desportivo da Fórmula 1, que diz respeito aos carros obrigados a largar dos boxes, acrescentando o seguinte ponto: “Todos os carros que largam dos boxes e que sejam capazes de fazê-lo devem participar da volta de formação.” Na verdade, até o ano passado, os carros que largavam do pit lane não faziam uma volta de formação, mas se juntavam à prova depois que todos os outros tivessem passado.
As equipes encontraram maneiras, mais ou menos engenhosas, de aproveitar essa situação e ganhar posições na pista. Por exemplo, em condições de voltas extras atrás do Safety Car, os carros que largavam do pit lane poderiam sair diretamente no sinal verde, economizando combustível. Ou, no caso de uma corrida molhada, os pilotos dos carros penalizados poderiam optar por não participar das voltas de formação e, em vez disso, ajustar diretamente os pneus ideais para as condições da pista, ignorando assim seus oponentes, que eram forçados a trocar os pneus.
A partir da semana que vem na Austrália, isso não será mais possível.
A FIA também interveio para permitir maior segurança caso um piloto, após sofrer um acidente, queira levar o carro danificado, e espalhando detritos, de volta aos boxes.
Agora, graças às mudanças no Artigo 26.10 do Regulamento Esportivo da F1, o diretor de corrida tem o poder de ordenar que uma equipe pare imediatamente um carro em condições críticas. A diferença fundamental é que agora a decisão pode ser tomada instantaneamente, sem etapas intermediárias entre fiscais e equipe, garantindo uma intervenção oportuna para evitar situações perigosas na pista.
Mas porque tanta regra? Estamos andando em círculos?
Na verdade tem uma explicação simples para tanto regulamento e ele se chama Criatividade.
A Fórmula 1 é um esporte definido por seus paradoxos: a velocidade alucinante encontra a precisão meticulosa, a competição bruta se choca com a regulamentação rígida e o brilhantismo da engenharia luta contra a restrição burocrática.
Em sua essência, estamos assistindo a um eterno cabo de guerra entre os criadores de regras – personificados pela FIA – e os engenheiros das equipes, cuja criatividade incansável busca dobrar, esticar e reinterpretar os limites dos regulamentos técnicos do esporte. Essa batalha entre regras e engenhosidade não é apenas um enredo secundário; é a verdadeira pulsação da evolução da Fórmula 1
Os regulamentos técnicos da FIA são documentos densos e em constante evolução, criados para garantir a segurança, a justiça e o equilíbrio competitivo. Eles ditam tudo com o objetivo de nivelar o campo de atuação e evitar busca descontrolada por evoluções que poderiam afastar os fãs ou levar as equipes à falência. No entanto, dentro dessas restrições, os engenheiros não veem barreiras, apenas saborosos desafios.
Por exemplo, o “difusor duplo” de 2009, criado pela Brawn GP (se pronuncia Brón e não Bráun lembrem-se). Ele não foi explicitamente proibido durante o ano e, embora os rivais tenham reclamado a FIA manteve sua legalidade. A recompensa da Brawn? Um ano dominante e vencedor sem adversários.
Ou ainda o “blown difuser” (difusor soprado) da Red Bull em 2011, que redirecionava os gases de escape para o assoalho o que acelerava a passagem de ar e aumentava pressão aerodinâmica – um golpe de mestre (leia-se Adrian Newey) que desafiou o limite dos regulamentos até que a FIA o proibiu. Esses momentos destacam uma verdade: os maiores saltos na Fórmula 1 geralmente vêm daqueles que tratam o manual de regras como um quebra-cabeça a ser resolvido, não como um evangelho a ser obedecido.
Esse jogo de gato e rato é a força vital da Fórmula 1. A FIA constrói muros; os engenheiros os escalam. As regras exigem respeito, mas a criatividade se recusa a se submeter. Nesse loop infinito, o esporte corre em círculos – tanto na pista quanto nas mentes daqueles que o moldam. Para nosso contentamento, como diria Vinícius de Moraes.
Ecclestone vende tudo

Três meses depois de anunciar que iria leiloar, Bernie Ecclestone vendeu sua incrível coleção de 69 monopostos de Fórmula 1. Avaliada em quase 600 milhões de euros, Bernie fez um acordo privado (sem divulgar detalhes) com o jovem de 32 anos Mark Mateschitz, filho do fundados Dietrich Mateschitz e acionista de 49% da Red Bull desde a morte de seu pai em 2022.
A coleção de Ecclestone é composta por modelos excepcionais, incluindo a Ferrari F2002 de Michael Schumacher, a Brabham BT 44 de José Carlos Pace, a Brabham BT46 de Niki Lauda, a Brabham BT 52 de Nelson Pique, to Vanwall VW10 de Stirling Moss, a Ferrari Dino de Mike Hawthorn, a Ferrari 375 F1 de Alberto Ascari, a primeira Ferrari 312 F1, uma Maserati 250 F e uma Lancia D50.

“Esses carros são únicos”, disse Ecclestone do alto de seus 94 anos de idade. “Eles escreveram a história da F1 e representam desenvolvimentos técnicos significativos. Eles contam a história de 70 anos de F1. É muito importante para mim saber que essa coleção está agora nas melhores mãos. Mark é o proprietário mais digno que poderíamos ter imaginado”.
Mark Mateschitz disse estar muito satisfeito com a “confiança” depositada nele por Ecclestone e confirma seus planos para o futuro: “Esta coleção será cuidadosamente preservada, ampliada com o tempo e, em um futuro próximo, será disponibilizada ao público em um local apropriado”.
E falando em futuro…

A Cadillac foi aceita por todo e é oficialmente a 11ª equipe na F1 com estreia marcada para 2026. Bem-vinda ao nosso mundo fascinante. Até a semana que vem de pé no fundo!
Por Ticiano Figueiredo / Foto: Divulgação