E lá se vão 56 primaveras! Que beleza! Cinquentas e seis anos bem vividos, sob a ótica da fé espírita que abraço, bem entendido. Aos olhos do mundo, não estou desta vez, entre os melhores, os mais bonitos, os bem-sucedidos.
É assim mesmo, no palco da vida, a gente vai a cada vivência aqui na Terra, interpretando todos os personagens. Do patrão ao subalterno, do rei ao plebeu, do vencedor ao derrotado. Ora, passamos engalanados pela ponte, ora, estamos a nos abrigar das intempéries da natureza, sob ela, à cata de migalhas que nos sustentem.
O espírito, e nós o somos, cada um de nós, deve aprender tudo. É o seu destino, a sua luta e a sua trajetória evolutiva. Aprisionado, nos limites da matéria, vai se desmaterializando, um pouco mais a cada passagem sua por este mundo tão bonito, tão acolhedor e tão rico de benevolências, dádivas do Criador para conosco.
Há quem veja o mundo como prisão e hospital. Não eu. Para mim, o mundo é escola. E eu, o aluno que se esforça para livrar-se de velhos hábitos, para conhecer-se melhor, aprender mais e caminhar mais rápido e mais adiante, e sem olhar para trás.
Hoje, em especial, um dia de gratidão. Aos meus pais e meus irmãos, que me aceitaram entre eles. Eu, espírito estranho, caído de chofre em uma família já constituída, caído de bem alto para o mais profundo precipício. Tirado de lá por mãos generosas. Almas piedosas, que acreditam mais em mim do que eu mesmo.
Gratidão aos amigos, companheiros de jornada, de ideal, e gratidão, também, aos possíveis desafetos, os melhores professores que podemos ter. Aqueles que nos mostram quem de fato somos, que apontam nossas falhas e nos indicam o caminho.
E só existe um caminho: o perdão. Porque sem esse, não existe amor. E amor, é nossa maior necessidade. Nós vivemos para despertá-lo em nós. E para expressá-lo, uma vez desperto. O amor, causa e efeito de tudo. N’outras vezes, eu o conheci de outra forma, a forma da ilusão, meramente humana. Imaginava necessidades que o amor desconhece. Solicitudes que ele ignora. Hoje, o amor se me revela de outro modo, o modo real, verdadeiro, o amor espiritual. Aquele que se sente, de todo coração e nos mais profundo recôndito da alma. O amor que oferece e não pede. O amor que se satisfaz apenas por saber existir outro alguém. E isso basta. O amor completo, infinito, sem forma, nem cheiro, nem cor. Apenas, o amor.
Hoje, um dia após completar 56 anos da atual existência na condição humana, expresso de todo meu coração, minha gratidão, àquele que me olha desde sempre de modo terno, meigo, manso; que me abraça com afeto e me fala com brandura; o seu olhar me aconchega e a sua presença me completa. Amigo, Irmão Maior, luz de minha vida; seus ensinamentos me orientam, seu caminho me conduz em busca daquilo que mais quero, mais preciso: perdoar-me. Neste dia, e em todos os outros, desde sempre, digo de todo meu coração: Fica comigo, Jesus. Ofereço-te, o meu amor, a minha gratidão.
Por Geraldo Costa Jr. / Foto: Reprodução Internet