Nos últimos anos houve aumento na preocupação com a saúde mental dos atletas, e não somente com bem-estar físico. Cada vez mais, a psicologia do esporte está sendo vista como uma aliada para auxiliar no desempenho do atleta durante as competições. O tema ganhou maior destaque em 2021 quando a ginasta norte-americana, Simone Biles, um dos maiores nomes do esporte mundial, desistiu de participar dos Jogos Olímpicos de Tóquio para cuidar da saúde mental e emocional.
A psicologia do esporte foi um dos assuntos abordados no programa Diário MA TV desta segunda-feira (9) pelo psicólogo Mikael Roberto Vollet, que atua e palestra nessa área. Sua paixão pela psicologia do esporte começou na faculdade quando descobriu a existência dessa abordagem esportiva da profissão, além da área clínica, organizacional e hospitalar. O profissional fez curso de extensão sobre o tema e atualmente faz pós-graduação em Psicologia no Esporte.
De acordo com ele, o psicólogo esportivo intervém de múltiplas formas, não apenas sozinho, mas também desempenha um trabalho conjunto com outros profissionais como médico esportivo e terapeuta. Como exemplo do trabalho, ele cita um jogador de futebol que durante um jogo tem que bater um pênalti importante, mas está passando por um momento difícil na vida pessoal com a perda de um pai, por exemplo.
“Como ele lida com conflito, tensão e pressão do jogo para conseguir ter um bom desempenho? Como psicólogo esportivo, posso fazer uma caminhada com meu paciente, mas também posso estar em campo, numa quadra de vôlei, acompanhando de perto. Posso aplicar testagens psicológicas e posso trazer metodologias para que o atleta aplique. A teoria cognitiva e comportamental é muito prática e permite isso”, explica Vollet.
O trabalho pode ser feito de forma individual ou coletiva. “Posso atuar tanto no individual quanto no grupal, e também com a comissão técnica, como cada atleta se vê no grupo, como ele percebe suas emoções, sentimentos e pressões, e como ele lida com isso”, informa.
E esse acompanhamento também ocorre pós-jogo, para que o atleta saiba lidar com a derrota, e com possíveis erros de atuação durante a partida. O profissional observa que durante o jogo é mais difícil intervir, por isso a preparação tem que ser feita antes para que os atletas saibam lidar com momentos de estresse.
Atualmente, Vollet apoia a uma equipe de luta com cerca de 90 crianças. Como havia uma situação de respeito ao professor dentro do tatame e desrespeito fora dele, o psicólogo ministrou palestra voltada para os pais dos alunos. “Os filhos copiam padrões de comportamento dos pais e muitos não percebem isso. Então abordei questões comportamento, perdão e muitas questões do passado”, observa Vollet, destacando que já ministrou palestras sobre ansiedade, tanto na identificação da ansiedade (pré-competição) quanto lidar com ela durante a competição.
O psicólogo tem preferência por trabalhar com palestras devido ao alto alcance delas. “Uma coisa é eu trabalhar com um paciente por 50 minutos, e outra é dar uma palestra em uma hora para 100 ou 200 pessoas. Eu consigo tocar mais pessoas e provocar algo diferente ali”, comenta o profissional frisando que a psicologia pode ser levada para o âmbito organizacional das empresas. Contato com ele pode ser feito pelo Instagram: @psicologo.mikaelvollet.
A entrevista de Mikael Vollet ao programa Diário MA TV, na íntegra, pode ser vista pelo link https://www.youtube.com/watch?v=t7RpyAtjUAA.
Por Ednéia Silva / Foto: Diário do Rio Claro