O comandante da Guarda Civil Municipal de Rio Claro, Rodrigo Servidoni, respondeu nesta semana aos questionamentos do Diário sobre a polêmica intervenção da GCM no bairro São Miguel, onde quatro pessoas ficaram feridas por disparos de munições menos letais. Em entrevista, Servidoni disse que os agentes “usaram o que aprenderam nos treinamentos e seguiram o uso moderado da força,” mas não descartou possíveis excessos ou omissões que deverão ser investigados pela Policia Civil e Corregedoria da GCM.
A ação ocorreu em cumprimento a uma Ordem de Serviço vigente desde abril, que autoriza fiscalizações na Avenida Felício Castellano em resposta às denúncias de moradores sobre motos adulteradas, manobras perigosas e perturbação do sossego. Durante a patrulha no domingo, os agentes tentaram abordar uma moto que praticava manobras perigosas e possuía características adulteradas – o mesmo veículo, segundo Servidoni, que já havia sido apreendido pela GCM em ocasiões anteriores. Ao localizar a moto em frente a um bar no bairro, enquanto aplicavam as sanções administrativas, os guardas foram, segundo relatos dos próprios agentes, acuados e desacatados por um grupo de pessoas.
“Não acho que a conduta dos guardas foi totalmente errada,” afirmou o comandante. “Eles usaram o que aprenderam nos treinamentos: presença física, verbalização, spray de pimenta e outros equipamentos menos letais em um cenário de grande tensão e hostilidade.” Segundo ele, o uso de munições anti-motim foi uma medida necessária para dispersar o grupo e assegurar a segurança dos agentes, que estavam sendo desacatados, porém não descarta que pode ter havido excesso, omissão ou imperícia pelos agentes, o que deverá ser investigado pela Policia Civil e também pela Corregedoria da GCM.
Servidoni reiterou que, para garantir a transparência, a Corregedoria da GCM instaurou um Processo Administrativo Disciplinar para investigar os detalhes do caso. “Se houve excesso, imperícia ou negligência, isso será apurado com rigor,” disse ele, acrescentando que a Corregedoria tem 90 dias para finalizar a apuração e divulgar o resultado à população.
O comandante também esclareceu que os guardas recebem treinamento contínuo, com 80 horas anuais obrigatórias de qualificação que incluem técnicas de desescalonamento de crises e abordagem progressiva. “O uso moderado da força é um princípio que seguimos à risca, sempre com o objetivo de proteger a população e manter a ordem, especialmente em situações de alta tensão como essa.”
A ação, segundo ele, também gerou a decisão de revisar os protocolos em busca de melhorias. “Um estudo de caso sobre o ocorrido será feito para que possamos avaliar e aprimorar nossas práticas, sempre mantendo o respeito aos direitos dos cidadãos e agindo de forma transparente.”
Com relação às fiscalizações, Servidoni afirmou que as operações para coibir irregularidades, especialmente em motos adulteradas, seguirão como medida para garantir a tranquilidade da população e atender a solicitações de moradores como a de uma mãe de uma criança com TEA, que sofre crises nervosas devido ao ruído alto das motocicletas aos domingos e feriados.
O comandante reforçou o compromisso da GCM com a segurança pública e convidou a população a encaminhar suas dúvidas e observações pela Ouvidoria da corporação.
Foto: GCM