Mais uma vez a crise hídrica que assola o município de Rio Claro foi alvo de intenso debate entre os vereadores na sessão ordinária desta segunda-feira (21). A cidade vive racionamento de água desde o último dia 12, com rodízio no abastecimento dos bairros atendidos pela ETA 1, que correspondem a 40% das localidades.
Desde a última sexta-feira (18), os moradores desses bairros ficam 12 horas seguidas sem água, das 6 às 18 horas. A ETA 1 capta água no rio Ribeirão Claro que por falta de chuva, está com nível bem abaixo do normal causando o racionamento. Muitas críticas foram feitas à gestão do Daae e os parlamentares censuraram a demora do Executivo em agir e cobraram ações efetivas que possam resolver o problema.
Rafael Andreeta (Republicanos) observou que o problema vai além da gestão e passa pela falta de recursos. De acordo com ele, o Daae não tem dinheiro para investimentos e não recebeu aporte da prefeitura para isso. Para ele, a autarquia precisa adotar medidas concretas como a construção de uma represa para armazenar água da chuva.
A ideia da represa recebeu apoio do vereador Alessandro Sonego de Almeida (PSD) que voltou a defender a privatização do Daae, como já tinha feito na sessão anterior. Conforme ele, o Daae “está quebrado” e não tem condições de construir a ETA 3 e fazer outros projetos necessários.
Também defensor da privatização do Daae, Vagner Baumgartner (PSD) disse que “não se pode tapar o sol com a peneira”, pois “enquanto não privatizar vai continuar reclamando”. De acordo com ele, nos municípios com sistema de abastecimento de água privatizado a tarifa é mais barata e a qualidade do serviço é melhor. Ele ressaltou a necessidade de fazer o desassoreamento dos rios e córregos, e também reter água da chuva.
Julinho Lopes (PP) destacou que é preciso construir uma barragem na região de Ipeúna, projeto que recebeu muitas críticas de ambientalistas e não avançou. Conforme ele, o governo de São Paulo estuda realizar a obra por meio de parceria público-privada (PPP). O parlamentar também reforçou a necessidade de desassoreamento dos mananciais e armazenamento de água da chuva.
Val Demarchi declarou sua decepção com a reunião realizada no gabinete o prefeito para discutir a crise hídrica. Segundo ele, a prefeitura e o Daae não sinalizaram com ações concretas para resolver a situação e acabar com o racionamento de água. O parlamentar observou que as ações realizadas agora vão demorar para surtir efeito e isso pode prejudicar o progresso e desenvolvimento do município porque a falta de água impedirá a instalação de novas empresas na cidade.
Moisés Marques criticou a escolha de prioridades por parte do governo municipal, já que o sistema de abastecimento foi preterido para realização de obras não tão urgentes. Desse modo, ele engrossou o coro da privatização: “agora tem que ser iniciativa privada”.
Aliás, na sessão de ontem, os vereadores aprovaram projeto de lei do Executivo que altera as leis orçamentárias de 2023 (LDO e LOA) para permitir aporte financeiro de R$ 8.491.519,90 ao Daae por meio da abertura de crédito adicional suplementar. A proposta passou em primeira discussão e retornará ao plenário para segunda votação.
Escola cívico-militar
Na sessão desta segunda-feira (21), a Câmara Municipal aprovou 16 projetos. Um deles dispõe sobre a criação do programa de livre iniciativa de conscientização e implementação da escolas cívico-militar no município de Rio Claro. A proposta é de autoria do vereador Moisés Marques (PL).
De acordo com o autor, há muita “mentira” sendo divulgada sobre esse modelo de ensino, alegando que haverá agentes armados dentro da escola que poderiam maltratar os estudantes. Marques afirma ter visitado escolas cívico-militares, alega que o modelo proporciona maior segurança para alunos e profissionais e que a gestão é feita em conjunto com os agentes e a equipe escolar.
Vagner Baumgartner defendeu o projeto dizendo que existem 312 escolas cívico-militares no estado do Paraná e uma no estado do Amazonas que está concorrendo como a melhor escola do mundo. Segundo ele, nessas escolas o ensino é melhor e os estudantes aprendem hierarquia, respeito e outros conceitos do gênero.
Por Ednéia Silva / Foto: Emerson Augusto/Câmara Municipal