Com o objetivo de aprimorar as reflexões em pautas raciais, políticas e sociais, o Núcleo Traços Fortes chega em Rio Claro nesta quinta-feira, dia 17 de outubro, com o espetáculo “Vestígios de alguém que não pôde falar”. A peça teatral faz parte de uma duologia que narra a história ficcional de uma menina negra morta a caminho da escola por balas de policiais. Diante do acontecido, sua mãe enfrenta os desafios, medos e lutas, para honrar a história de sua filha.
Em Rio Claro, o espetáculo será apresentado no teatro do Sesi-SP, nos dias 17, 18, 19, 20, 25, 26 e 27, de quinta a sábado, às 20h, e aos domingos às 18h. Com classificação indicativa de 14 anos, os ingressos são gratuitos e devem ser retirados no Meu Sesi (www.sesisp.org.br/eventos). As apresentações dos dias 17, 18, 19 e 20 terão acessibilidade em Libras.
A dramaturgia original é escrita por João Paulo Santos e Lucas Silveiras, atores, diretores de teatro e dramaturgos do Núcleo Traços Fortes. A história tem como inspiração os contos “Olhos D’água” e “Zaíta esqueceu de guardar os brinquedos”, de Conceição Evaristo, além de trabalhar com fragmentos de fatos reais, principalmente a morte de Marcos Vinícius, jovem negro de 14 anos atingido por policiais no Complexo da Maré, enquanto estava a caminho da escola.
“O número de casos de crianças e jovens negros mortos durante operações policiais é alarmante e, o espetáculo ‘Vestígios de alguém que não pôde falar’ nasce com o objetivo de evidenciar as pautas e lutas em prol da infância negra no Brasil. Trata-se de um movimento de encontro com esperança, de uma nação em que crianças negras sejam ouvidas e respeitadas”, destaca o diretor Lucas Silveiras.
“De que cor eram os olhos de minha filha?”
Durante toda a apresentação, o público se depara com a pergunta latente e repetitiva que acompanha a caminhada da personagem ‘Mãe’ em busca por justiça pela morte de sua menina. Lembrar a cor dos olhos de alguém é eternizar na memória a história de quem amamos. O espetáculo é um convite para a reflexão sobre o luto que a violência urbana leva para muitas famílias, especialmente, as famílias negras. Como também uma homenagem a tantas mães que perderam seus filhos e seguem lutando com amor e força.
Para o diretor Lucas Silveiras, seguir em turnê pelo interior com o espetáculo é empolgante e ao mesmo tempo desafiador. “Nosso trabalho tem como principal característica a denúncia. É por meio do teatro que nós, do Núcleo Traços Fortes, reivindicamos pautas que consideramos urgentes, como a luta antirracista. E viajar pelo interior de São Paulo com uma peça que carrega um discurso tão profundo e necessário é extremamente empolgante. É acreditar que nossa mensagem alcançará ainda mais pessoas.”, conclui.
Oficina de Dramaturgia Corporal
Além do espetáculo, o Núcleo Traços Fortes vai oferecer a oficina “Dramaturgia Corporal: a construção de ideias antirracistas através do corpo de atores e não-atores”. A oficina acontece no dia 23 de outubro, às 18h, na sala de artes cênicas do Sesi Rio Claro, com acessibilidade em Libras, e é voltada para jovens e adultos maiores de 16 anos, atores ou público em geral que tenham interesse em teatro.
A oficina ministrada pelo diretor Lucas Silveiras promove um trabalho de construção dramatúrgica colaborativa para o desenvolvimento de criação de narrativas teatrais. As inscrições são gratuitas e devem ser feitas através da plataforma Meu Sesi (www.sesisp.org.br/eventos).
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