Velo Clube: o Rubro-Verde da Cidade Azul. Quatro letras, duas cores e uma paixão: Nascido em 28 de agosto de 1910 para ser um clube de ciclismo. Lá estavam Venâncio Baptista Chaves e sua equipe de ases do pedal. Tardes memoráveis no Velódromo localizado onde, atualmente, está a Escola Estadual Joaquim Ribeiro. Mas, passariam os anos e a febre avassaladora do futebol que dominava o país alcançaria também o Velo Clube.
Em meados da década de 20, um grupo de entusiastas da nova modalidade esportiva, liderados por Felício Castellano e Altino Tebaldi, acabou por introduzi-la no Velo Clube, que desde então, passou a ser sinônimo de futebol.
O primeiro título, veio já em 1924, com a conquista do Campeonato Municipal, organizado por Jodate David, diretor à época do jornal Diário do Rio Claro. Foi a primeira de muitas conquistas que viriam na sequência, com destaque para o título do interior de 1925, quando o futebol ainda no período do amadorismo.
Reunindo cada vez mais aficionados, o estádio da rua 3, no Bairro da Saúde, inaugurado em 10 de outubro de 1920, foi ficando acanhado, mas, sempre aconchegante, fazendo pulsar os corações, daquela gente destemida e valente, que, da arquibancada ainda de madeira, se via representada, por aquele time que vestia as cores vermelho e verde em homenagem à Portugal.
E a história foi sendo escrita e registrada, nas páginas deste jornal Diário. Velo dos artilheiros, Belmonte, Norival e Tonhão. Velo de tanta gente. A quinta maior torcida do estado de São Paulo, na enquete realizada em 1973, pela revista Placar e jornal Diário da Noite.
Velo dos 15 mil torcedores enlouquecidos, que das arquibancadas do estádio Benitão, espremidos, mas também dos alambrados, dos muros, das árvores e das carrocerias dos caminhões estacionados no entorno do estádio, das torres de iluminação e do telhado do bar social que havia atrás do gol da avenida 19. Todos eles, 15 mil, mais, muito mais, naquela tarde de 17 de dezembro de 1978, ajudaram o Velo na vitória memorável sobre o São José, por 1×0 e o tão sonhado acesso. É o maior público reunido em um evento esportivo na história de Rio Claro.
Mas, não seria o bastante. Para o Velo, tudo é sempre muito mais difícil. A conquista teve de ser ratificada seis meses depois, em Campinas. E lá estavam 10.000 velistas no campo do Guarani, naquela manhã fria de 10 de junho de 1979. Vindos de carro, de trem, de moto, de ônibus, todos os caminhos levavam ao Brinco de Ouro da Princesa, onde o Príncipe em vermelho e verde reinaria absoluto.
Na volta, festa de campeão, mesmo não sendo. Mas, o acesso à elite do futebol paulista estava garantido. Feito inédito, até então, para o esporte rioclarense. Sonho dourado que durou pouco. Já no ano seguinte, veio o rebaixamento e o Benitão, nas tarde de domingo, emudeceu. Os anos 80 seriam difíceis. E os 90, começaria promissor com o acesso conquistado por um time jovem e vibrante, formado em sua maioria por pratas de casa. Time bom, veloz, raçudo, bem ao gosto do torcedor rubro-verde.
Entre idas e vindas, o Velo chegou ao ano do seu centenário, disposto a escrever uma nova fase de sua história. Uma fase vitoriosa. Dois acessos consecutivos em 2010 e 2011 e anos de aprendizado, de uma diretoria competente e velista de quatro costados, que veste a camisa e que mudou a história do Velo Clube.
Até chegar 2020 e a conquista do primeiro título estadual da era profissional, o de campeão paulista da Série A3. Uma alegria sem igual à imensa coletividade velista, naquele triste ano de pandemia. Nos anos seguintes, só crescia a expectativa. Montava-se bons times mas, que não correspondiam em campo. E veio então 2024. Campeonato Paulista Série A2, a divisão de acesso à principal divisão de São Paulo. Uma primeira fase discreta. E nas fases de mata-mata, o vermelho e verde resplandeceu. Vitórias sensacionais fora de casa. E, finalmente, o acesso. Chorado, sofrido, como deve ser tudo na vida do Velo, quis o destino.
Sábado, 13 de abril de 2024. E o Benitão explode de alegria por volta de cinco da tarde. Rio Claro se veste de Velo Clube. Rio Claro, a cidade azul, canta em vermelho e verde. O empate de 0x0, contra o Juventus, garantia o Velo Clube na Série A1 do Campeonato Paulista, após 45 anos.
Conquista que enche de orgulho a numerosa torcida rubro-verde, coloca a cidade de Rio Claro novamente em evidência no cenário esportivo nacional e lança desafios à coletividade velista que, agora, mais do que nunca deve unir esforços em favor do clube para mantê-lo em destaque.
O jornal Diário do Rio Claro, igualmente centenário, como o Velo Clube, orgulha-se de ter contado a saga velista desde o seu primeiro capítulo, sempre registrando em suas páginas, para o torcedor e o esportista em geral, todas as jornadas memoráveis do querido Velão.
Parabéns, Velo Clube! Parabéns a todos que, nesses 114 anos, dedicaram o melhor de seus esforços e deixaram no gramado do Benitão, seu suor e muitas vezes, suas lágrimas, representando as cores de uma gloriosa agremiação. Salve, Velo Clube! Galo de vitórias mil! Feliz aniversário!
Por Geraldo Costa Jr.