Nem o cruel General Alarico, chefe maior dos Visigodos, ousou invadir um templo cristão, quando sitiou Roma para depois invadi-la e saqueá-la em 410 D.C.
A chacina ocorrida em Campinas, na última terça-feira, 11, nos leva a algumas reflexões. Uma delas, e talvez a mais importante, é: que valores temos cultivado em nossa breve e mal compreendida existência? A outra, não menos importante, é: fechar-se em si mesmo, não expor as fragilidades íntimas, não buscar ajuda é a solução para resolvermos os problemas da vida que nos perturbam? Aos especialistas, em cada área do conhecimento humano, as respostas.
De nossa parte, ainda que pareça ousadia para alguns e estupidez para outros, sugerimos o óbvio: que olhemos mais para dentro de nós mesmos, com olhos de curiosidade, de detetives, se necessário for, para que encontremos em nós as muitas qualidades que, certamente todos nós, filhos da Perfeição, possuímos.
Nós somos bons em essência. Essa é a nossa natureza. Ocorre que, em algum momento de nossas vidas, nós nos fragilizamos por alguma razão que, em princípio, nem mesmo nós conseguimos identificar e compreender. Uma insatisfação, talvez, com a rotina. Uma frustração por um daqueles reveses que a vida nos apronta quando menos esperamos. Uma dor por um sentimento nobre, puro e verdadeiro que não é correspondido.
Mas essas situações ocorrem em nossas vidas não para nos derrotar, mas para nos estimular ao progresso humano e espiritual para que, utilizando-se de nossos conhecimentos, nossa vontade e nossas qualidades morais, porque todos nós as temos, consigamos entender, aceitar e superar o problema que momentaneamente nos aflige.
Não busquemos nos outros a nossa felicidade, porque ela não está neles, está em nós. Está no olhar repleto de esperança com o qual encaramos a vida a cada vez que despertamos para mais um dia. Está na nossa vontade de fazer diferente, fazer melhor e mais bonito do que temos feito até aqui. Está na nossa iniciativa de compartilhar com nosso semelhante a nossa alegria.
Tudo o que existe é energia. A matéria, nos seus mais diversos estados, é energia. A palavra, o pensamento, o sentimento são também formas de energia. A energia tem um efeito irradiante; ela se propaga e, ao fazê-lo, assimila e é assimilada com outras energias que estão na mesma sintonia.
De modo que quando falamos coisas boas, pensamos coisas boas e agimos com boas intenções, nós contribuímos para a melhora do mundo. Nós ajudamos a sarar algumas doenças do mundo. Aquelas que, por exemplo, atormentam corações aflitos, mentes perturbadas, emoções desequilibradas. É como fazer luz num ambiente de trevas.
Os grandes sábios da humanidade, aqueles que mostraram um caminho e ensinaram como encontrar esse caminho, como segui-lo e como nele se manter, sempre recomendaram que nos mantivéssemos equilibrados, que fôssemos ponderados, que procurássemos entender as razões alheias, que evitássemos assumir a postura de juiz, que não revidássemos às agressões e às ofensas, mas que nos esforçássemos para mantermos uma conduta de irmãos, que de fato somos, porque temos todos a mesma origem.
É surrado, batido, conhecido de todos, embora, infelizmente, ainda pouco praticado, mas o fato é que o amor e o perdão ainda são os melhores e mais eficazes remédios para as dores e as doenças da alma. Mais do que remédios, são capacidades naturais comuns a todo ser humano sobre a face da Terra, independentemente de sua condição moral ou intelectual, não importando absolutamente se ele entre num templo cristão para rezar ou para matar pessoas. Até porque, quem se dispõe a amar e a perdoar, a si mesmo e ao seu semelhante, jamais sequer pensará em cometer um ato de violência contra quem quer que seja.
Os livros ensinam, as experiências da vida também, mas é o sentimento que nos dá força e coragem para resistirmos às nossas más inclinações, oriundas da nossa miséria espiritual. Esse sentimento igualmente nobre, puro e verdadeiro se chama: Boa Vontade. É uma chama em nossos corações que precisa ser estimulada todos os dias para que não se apague. Porque é a chave para o Amor, o Perdão e a Felicidade que todos nós almejamos.
Feliz Natal, caro leitor, já que nos encontraremos agora somente no dia 28. Sinta-se abraçado!