O Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha é comemorado nesta quinta-feira, 25 de julho. Essa é uma data não apenas de celebração, mas sim um dia em que as mulheres negras, indígenas e de comunidades tradicionais refletem e fortalecem as organizações voltadas às mulheres negras e suas diversas lutas.
Esse foi o tema discutido por Bell Rezende no programa Diário MA TV nesta quarta-feira (24). Renata Fonseca conversou a coordenadora da Feira das Pretas que tem uma história de luta dentro da comunidade negra de Rio Claro. “Essa data é importante não somente para as mulheres negras, mas para todas as mulheres”, pontuou Bell lembrando que o Brasil tem lei nacional sobre o assunto.
No Brasil, em 2 de junho de 2014, foi instituído por meio da Lei nº 12.987, o dia 25 de julho como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, homenageando uma das principais mulheres, símbolo de resistência e importantíssima liderança na luta contra a escravização.
O município de Rio Claro também tem legislação própria sobre o tema. O Dia Municipal da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha foi instituído pela Lei municipal nº 4.251/2011, oriunda de projeto de lei das vareadoras na época Raquel Picelli Bernardinelli e Maria do Carmo Guilherme.
“Essas leis resgatam a importância de Tereza de Benguela que foi líder de quilombo ao assumir a função quando seu marido morreu. Traz consigo toda uma carga histórica porque ela já fazia política dentro do quilombo e essa trajetória nos fortalece”, destacou Bell.
A coordenadora lembrou toda a área onde hoje está instalado o Parque Municipal Lago Azul era um quilombo, que atendia e acolhia os negros que passavam por ali em busca de liberdade. “Nossa história é muito rica e bonita”, ressaltou Bell lembrando que a conquista do Dia Municipal da Mulher Negra foi graças ao trabalho de uma guerreira. “Rio claro tem essa data devido à toda a organização feita por dona Olga Maurício que se tornou uma mulher de destaque na cidade”.
Mas as atividades relativas à data vão além do dia 25 de julho, por isso este mês é denominado “Julho das Pretas”, período dedicado à discussão e conscientização de temas e pautas afirmativas para as mulheres negras. “Nesse ano, a organização discute pautas que serão levadas para a 2ª Marcha Nacional das Mulheres Negras. A primeira edição foi realizada em 2015 e reuniu 10 mil mulheres de todas as etnias em Brasília que discutiram pautas necessárias naquele momento. Dessa marcha saiu a Carta das Mulheres Negras”, lembrou Bell.
De acordo com ela, a organização é feita nos municípios e as pautas locais são levadas para o encontro do comitê em Campinas. De lá, as mulheres seguirão para a 2ª Marcha Nacional de Mulheres Negras, que deve acontecer em novembro de 2025, em Brasília (DF).
A coordenadora observou que as pautas discutidas lá atrás ainda se mantém atuais. Como exemplo, ela citou a violência contra a mulher negra que aumentou, conforme estatística divulgada pelo Fórum de Segurança Pública do Estado de São Paulo.
“Lá atrás já havia a necessidade de trabalhar esses temas, e ainda hoje continuamos lutando diariamente contra a violência de raça e de gênero. Precisamos de políticas públicas transversais, que façam um recorte de raça e gênero, para que haja equidade”, frisou Bell salientando essa necessidade em todas as áreas, como saúde, habitação, educação e segurança.
“Esses encontros servem para que possamos trazer aos olhos de quem faz política pública as necessidades desse segmento. Somos 54% da população e esse povo precisa estar representado não por uma ou duas pessoas, mas por muito mais. Nossa busca é para ter representatividade em todos os espaços porque, de outra forma, não tem como avançar para equilibrar a desigualdade entre negros e brancos que existe no município e em todo o país”, concluiu.
As pessoas interessadas em saber um pouco mais sobre o assunto podem participar da roda de conversa que será realizada neste sábado (27) no prédio da Philarmônica na Rua 5 com Avenida 5, no Centro. O bate-papo terá início às 10 horas e será coordenador por Divanilde de Paula, da Equipe Palmares.
A entrevista na íntegra pode ser conferiada pelo link https://www.youtube.com/watch?v=8XxoZNQxy1c
Por Ednéia Silva / Foto: Diário do Rio Claro