A campanha “Julho Amarelo” foi instituída no Brasil pela Lei nº 13.802/2019, com o objetivo de reforçar as ações de vigilância, prevenção e controle das hepatites virais, além de ampliar a divulgação e o conhecimento sobre uma doença que pode ser prevenida e diagnosticada precocemente para minimizar seus agravos.
As hepatites são processos inflamatórios no fígado, causados por vírus, medicamentos, álcool, outras drogas, doenças autoimunes, metabólicas ou genéticas. No caso das hepatites virais, são inflamações causadas por vírus classificados pelas letras do alfabeto em A, B, C, D (Delta) e E.
O “Relatório Global sobre Hepatites de 2024″ (https://www.who.int/publications/i/item/9789240091672), divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mostra que as hepatites virais causam a morte de cerca de 3.500 pessoas por dia em todo o mundo. Ainda segundo o documento, a doença é a segunda principal causa infecciosa de morte a nível mundial, com 1,3 milhões de mortes por ano, ficando atrás apenas da tuberculose.
No Brasil, os tipos mais comuns são as hepatites A, B e C, com menor frequência para os tipos D e E. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento para todos os tipos de hepatite, independentemente do grau de lesão do fígado.
A médica Carolina Brites, infectologista pediátrica, destaca que a hepatite A é o tipo mais comum, relacionado às condições de saneamento básico e higiene. “A transmissão é fecal-oral, e embora a infecção seja leve na maioria dos casos, pode haver casos de hepatites fulminantes causadas por este tipo de vírus. Existe vacina para a hepatite A.”
A hepatite B é o segundo tipo com maior incidência e se transmite principalmente por via sexual e contato sanguíneo. “A melhor forma de prevenção para a hepatite B é a vacina, associada ao uso do preservativo.”
A hepatite C, considerada uma grande epidemia, tem como principal forma de transmissão o contato com sangue. “A hepatite C é a principal causa de transplantes de fígado e pode levar à cirrose, câncer de fígado e morte. Infelizmente, não há vacina para a hepatite C.”
A hepatite D ocorre apenas em pacientes infectados pelo vírus da hepatite B. “A vacinação contra a hepatite B também protege contra a hepatite D”. A hepatite E é transmitida por via digestiva (fecal-oral) e provoca grandes epidemias em certas regiões. “Embora a hepatite E não se torne crônica, mulheres grávidas infectadas podem apresentar formas mais graves da doença.”
A médica enfatiza que “a falta de conhecimento sobre estas doenças, seu diagnóstico e prevenção é o nosso maior desafio”. Existem vacinas para as hepatites A e B, e testes rápidos em serviços de saúde para as hepatites B e C, permitindo um diagnóstico precoce e tratamento adequado.
Confira algumas dicas de prevenção
Hepatite A
- Vacinação eficaz e segura.
- Lavar as mãos com frequência.
- Utilizar água tratada, clorada ou fervida para lavar alimentos crus.
- Cozinhar bem os alimentos, especialmente mariscos, frutos do mar e peixes.
- Lavar adequadamente utensílios e mamadeiras.
- Adotar medidas rigorosas de higiene em creches, pré-escolas, lanchonetes, restaurantes e instituições fechadas.
- Evitar banho ou brincadeiras perto de valões, riachos, chafarizes, enchentes ou esgoto.
- Usar preservativos e higienizar mãos e genitália antes e após relações sexuais.
Hepatite B
- Vacinação eficaz e segura.
- Uso de preservativo em todas as relações sexuais.
- Não compartilhar objetos de uso pessoal (lâminas de barbear, escovas de dente, material de manicure, equipamentos para uso de drogas).
- Testagem de mulheres grávidas para prevenir transmissão vertical.
Hepatite C
- Não compartilhar objetos que possam ter contato com sangue (seringas, agulhas, alicates, escovas de dente).
- Uso de preservativo nas relações sexuais.
- Testagem de mulheres grávidas no pré-natal para hepatites B e C, HIV e sífilis.
Hepatite D
- Vacinação contra a hepatite B, que também protege contra a hepatite D.
Hepatite E
- Melhorar as condições de saneamento básico e higiene, adotando medidas semelhantes às da prevenção da hepatite A.
A infectologista conclui dizendo que “a conscientização e o conhecimento sobre as hepatites virais são fundamentais para a prevenção e controle dessas doenças”.
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