O município de Rio Claro comemora os 92 anos da Revolução Constitucionalista de 1932 com ato cívico nesta terça-feira (9). O evento será realizado a partir das 9 horas no paço municipal localizado na Rua 3, entre as avenidas 3 e 5, no Centro da cidade.
O ato cívico é aberto ao público e toda a comunidade está convidada a participar da homenagem aos combatentes do levante, um marco histórico do estado de São Paulo e o último grande conflito armado ocorrido no Brasil.
O ato cívico contará com a presença de autoridades civis e militares, além de representantes de instituições rio-clarenses. O Clube 21 Irmãos Amigos, presidido por Pedro Zonta, terá um orador que discorrerá sobre a importância da data para os paulistas.
Entenda a revolução
A Revolução Constitucionalista de 1932 ou Guerra Paulista completa 92 anos nesta terça-feira (9) e a data é feriado apenas no estado de São Paulo desde o dia 5 de março de 1997. A data foi oficializada pelo Projeto de Lei nº 710/1995, do deputado estadual Guilherme Gianetti. Aprovado pela Assembleia Legislativa, o projeto virou Lei Estadual nº 9.497, de 5 de março de 1997, sancionada pelo então governador Mário Covas. O caminho para criação do feriado surgiu com uma lei federal que dispõe sobre feriados estaduais.
Nessa data comemora-se a deflagração da Revolução Constitucionalista de 1932, considerada a data magna do estado de São Paulo. A Revolução de 1932 foi um movimento armado ocorrido entre julho e outubro de 1932. O objetivo era a derrubada do presidente Getúlio Vargas, que assumiu o poder em 1930 com um golpe de Estado, após derrubar o então presidente Washington Luís e impedir a posse de seu sucessor.
Insatisfeita com o Governo Provisório, a população iniciou protestos e manifestações. A tensão chegou ao ponto máximo em 23 de maio, quando quatro estudantes de Direito morreram em um confronto entre constitucionalistas e partidários do Governo Federal. Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, vítimas do conflito, tornaram-se símbolo do movimento contra Getúlio. Surge, com o incidente, o acrônimo MMDC.
A partir de então, além da articulação política, as tropas estaduais passam a se fortalecer por meio de campanhas de incentivo ao alistamento e à arrecadação de fundos. Uma campanha publicitária de sucesso foi a intitulada “Ouro para o Bem de São Paulo”, na qual se incentivava a doação de joias e utensílios de metais preciosos para o financiamento das tropas estaduais.
A revolução armada acabou eclodindo no dia 9 de julho, sob o comando dos generais Bertolo Klinger e Isidoro Dias. Eram cerca de 35 mil soldados do lado constitucionalista contra 100 mil varguistas. Os empecilhos aos paulistas foram de natureza estratégica. As tropas varguistas estavam mais bem preparadas e São Paulo não recebeu os apoios estimados de outros estados da federação.
Os paulistas chegaram a resistir por três meses, mas o isolamento levou à rendição do Exército Constitucionalista em 2 de outubro de 1932. Mais de 35 mil paulistas lutaram na revolução e pelo menos 890 pessoas morreram nos combates.
Rio Claro na revolução
Rio Claro não foi fronte de guerra na Revolução de 1932, mas participou com 483 voluntários, além de oferecer ajuda financeira e outros de apoio, como a confecção de fardas para os soldados. De acordo com o historiador e jornalista, José Roberto Santana, “o município de Rio Claro não foi fronte de guerra na Revolução Paulista de 1932. A cidade desenvolveu função estratégica pela construção de um dos trens blindados utilizados em combate”, construído nas oficinas da Cia Paulista.
Conforme o historiador militar, coronel PM Luiz Eduardo Pesce de Arruda, “a cidade de Rio Claro teve participação ativa no movimento, cabendo destacar o funcionamento de município de uma das ‘Casas do Soldado’, locais preparados especialmente para que os combatentes se alimentassem e se higienizassem e retornassem para a batalha”.
Cinco rio-clarenses perderam a vida na chamada guerra paulista. Três deles têm seus nomes imortalizados na estátua criada pelo escultor Wilmo Rosada instalada na entrada do Cemitério Municipal São João Batista. São eles: Othoniel Marques Teixeira, Benedicto Carlos Brunini e Domingos Mazzulo. O monumento ao “Soldado Rio-Clarense” foi inaugurado em 9 de julho de 1935 na Praça da Liberdade e posteriormente transferido para o cemitério.
Por Redação DRC