Um professor millennial admirador das gerações Z e alpha
Recomendo, a título introdutório, que você que me lê tenha em mãos uma tabela de gerações, para facilitar seu entendimento, pois citarei muitas vezes os nomes dos grupos geracionais. Dito isso, posso prosseguir:
A nova tendência entre as gerações baby boomer e seus filhos, a geração X, é criticar as gerações Z e Alpha. A pessoa que escreve esse texto, um orgulhoso professor da geração Y, chamado também de Millennial, está no fogo cruzado entre as gerações, observando o choque geracional.
Nascidos nos anos 90, próximo ao evento da Queda do Muro de Berlim, nós, millennials, somos a transição entre as gerações baby boomer/X e as gerações Z/Alpha, e, por isso, não somos muito diferentes nem de uma, nem de outra. Ou seja, temos características dos dois polos opostos, somos espécies de anfíbios geracionais por assim dizer.
Nessa condição de um ser em transição, tenho condições, acredito eu, de defender a geração de meus alunos (Z e Alpha), tão atacada pelas gerações anteriores (Boomers e X).
Baby Boomers e X dizem da geração Z e Alpha que eles não têm disciplina, que não conseguem ficar no mesmo emprego por muito tempo. Falam que são emocionalmente frágeis e não aguentam o tranco de um vínculo CLT a longo prazo. Será que esse é mesmo o caso? Ou será que essa é uma visão enviesada e tendenciosa das antigas gerações (algo que não é nada incomum na história humana)?
Eu, um sapo millenial, digo que os peixes Baby Boomers e X têm valores diferentes dos répteis Z e Alpha; que os valores dos Baby boomers e X devastaram o planeta Terra e transformaram nosso mundo em um lugar infeliz cheio de desastres ambientais, depressão e tédio. Tendo plena consciência de que o que estamos vendo no Rio Grande do Sul são tristes consequências das ações dos Baby Boomers e X, sinceramente, se dependêssemos apenas das gerações anteriores para melhorar o mundo nós estávamos perdidos.
Essa “inabilidade”, apregoada pelas gerações anteriores, dos Z e Alpha em ficarem por muito tempo no mesmo emprego é, sob minha perspectiva, uma qualidade e não um defeito. As novas gerações não admitem mais estarem em um emprego que não traz felicidade e saciedade da alma. Dinheiro e status não são mais o foco principal; valorizam mais o bem-estar, a saúde mental e o tempo livre. Uma tarde simples com amigos vale mais que um carro de luxo (e o que precisamos fazer com nossas almas para ter um carro de luxo).
Isso não é maravilhoso? Os novos valores das novas gerações são muito superiores aos valores workaholics consumistas das antigas gerações. O American Way of Life estuprou a mãe Terra e nos trouxe dor e sofrimento interno. As novas gerações querem saber quem são e dar sentido às próprias vidas. Não são eles que não se adaptam aos empregos, são os empregos que não se adaptam a eles!
Defenderei até o fim minha admiração confessa pelas novas gerações, onde reside minha esperança de um mundo melhor. Se eu não acreditasse nas novas gerações, por que seria professor? Quem criou a bomba atômica? Quem devastou o clima? Quem projetou os apartheids? Quem extingue espécies animais e ecossistemas? Quem promove os holocaustos e genocídios?
Não são jovens. Não são Z. Não são Alpha.
E celulares… Bem, Boomers e X têm pouca moral para falar sobre isso, porque são eles que travam o trânsito mexendo no celular enquanto dirigem!
Texto escrito pelo professor Bruno.
Texto escrito pelo professor Bruno, docente da Escola Estadual Marciano de Toledo Piza, sob a curadoria de Rafael Cristofoletti Girro e Bryan de Souza Brasil, alunos da Escola Estadual Marciano de Toledo Piza; de Isabelle Gouveia de Almeida, Maria Clara França Machado e Henrique Martins Fernandes, alunos do Colégio Eduq; de Giovanna Silva Ribeiro e Gabriela Dotta Misson, alunas da Escola Estadual Chanceler Raul Fernandes; todos pertencente à Rede Camões de jornais escolares. O texto tem caráter pedagógico
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