O Mi Mi Mi continua a cada indicação de um novo Ministro feita pelo Presidente Jair Bolsonaro.
A Grande Imprensa passou a contabilizar a quantidade de militares que constam do primeiro escalão, tentando pintar uma realidade inexistente e improvável de que o Governo Bolsonaro será repleto de repressão e descaso com o Povo e, não obstante, fingindo esquecer que, qualquer um que queira fazer o que quer que seja com maestria, escolherá os pares por quem nutre confiança para estar ao seu lado. Sim! E sendo um Militar da Reserva do Exército Brasileiro, nada mais justo que Bolsonaro escolha aqueles com quem tem mais trato, estranho seria caso as indicações fossem de sindicalistas!
Não recordo e tampouco encontrei em pesquisa realizada que, à época, houvesse burburinho a cada novo membro de sindicato indicado para o cargo de Ministro do Governo do sindicalista Luiz Inácio da Silva, em 2003. Na ocasião, entre os 24 nomeados, 13 [número sugestivo, não é mesmo?] eram sindicalistas! Agnelo Queiroz (Esporte), Antonio Palocci (Fazenda), Dilma Rousseff (Minas e Energia), Emília Fernandes (Direitos das Mulheres), Humberto Costa (Saúde), Jaques Wagner (Trabalho e Emprego), José Dirceu (Casa Civil), Luiz Gushiken (Secom), Marina Silva (Meio Ambiente), Olívio Dutra (Cidades), Ricardo Berzoini (Previdência), Roberto Amaral (Ciência e Tecnologia) e Tarso Genro (Desenvolvimento Econômico e Social).
Enche o saco o estardalhaço como que estivéssemos à beira de um Estado de Exceção quando, na verdade, vivemos a consolidação do Estado Democrático de Direito! Afinal, a Democracia preza pela alternância de Poder através do Sufrágio Universal. A Imprensa Ranheta esbraveja: ‘Oh… é o quinto Militar que o Bolsonaro anunciou para o seu Governo’, mas não lembro os gramscianos repetindo: ‘Oh… é o décimo terceiro sindicalista anunciado por Lula’. Isso sem contar os guerrilheiros!! Agora, lembrando aquela inesquecível personagem da Escolinha do Professor Raimundo, interpretada pela memorável ator Francisco Milani, não me venha com churumelas!!
Entre os 20 ministros já divulgados, aliás, cabe destacar, apenas cinco são militares: o Oficial da Reserva da Força Aérea, Marcos Pontes, Ministro da Ciência e Tecnologia; o General do Exército Brasileiro, Augusto Heleno, Ministro do Gabinete de Segurança Institucional; o General e Ex-Chefe do Estado Maior do Exército, Fernando Azevedo e Silva, Ministro da Defesa; o General da Reserva, Carlos Alberto dos Santos Cruz, Ministro da Secretaria de Governo; e o Almirante de Esquadra da Marinha do Brasil, Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Junior, Ministro de Minas e Energia.
Como naquela Parábola Bíblica, é preciso que separemos o Trigo do Joio. Estava errado o Condenado de Curitiba ao nomear os pares? Aos poucos, a História vem revelando quem era quem naquela Alcateia. Está errado o recém-eleito ao posto de Chefe do Executivo nomear os pares? A História também vai dizer, o que causa náusea – não a algo poética e existencial de Sartre, mas a biológica mesmo (!) – são os dois pesos e as duas medidas com que os órgãos de comunicação, salvaguardando raríssimas exceções, tratam o Novo Governo. Como disse Caetano há 50 anos, “Vocês não estão entendendo nada, nada, nada, absolutamente nada!” Até domingo que vem!
O autor é Mestre em Divulgação Científica e Cultural pelo Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Unicamp e crê na máxima do Paulo Francis que diz que “quem não lê não pensa e quem não pensa será sempre um servo”.