À exemplo de Felipe Massa, que busca por justiça para ser reconhecido campeão de 2008 da Fórmula 1, destacando que foi prejudicado pelo resultado do GP de Singapura daquele ano, o heptacampeão da Fórmula 1, Lewis Hamilton falou sobre uma polêmica também vivida por ele na principal categoria do automobilismo mundial. Trata-se da disputa do título da temporada 2021 entre ele e Max Verstappen, da Red Bull.
Em entrevista concedida a revista GQ Sports, Hamilton falou sobre a corrida, que foi a última da temporada, a qual decidiria o campeão; e considerada por muitos a mais emocionante dos últimos tempos.
Questionado se havia sido roubado naquele GP, Hamilton foi incisivo: “Se eu fui roubado? Óbvio”.
A temporada
Lewis Hamilton e Max Verstappen chegaram ao GP de Abu Dhabi de 2021 com o mesmo número de pontos na classificação: 369.5 cada um. Sendo assim, quem vencesse a prova se sagraria campeão da temporada.
Vale ressaltar que ambos chegaram com essa pontuação “quebrada” devido à suspensão do GP da Bélgica causada por fortes chuvas. Como não havia sido disputada 75% da prova antes da interrupção, a corrida teve apenas metade dos pontos distribuídos. Com isso, Verstappen, que ocupava a primeira posição da etapa antes da interrupção, somou 12,5 pontos. Já Hamilton, que ocupava a segunda posição, somou 7,5 pontos.
Os pilotos fizeram uma temporada bastante acirrada naquele ano. Max Verstappen havia vencido 8 provas ao longo do ano. Já Lewis Hamilton chegava à prova final da temporada com 7 vitórias conquistadas.
A corrida
Verstappen fez o melhor tempo na classificação e largou na pole position, enquanto Hamilton largou na segunda posição.
Logo no início da prova, Hamilton saiu melhor e tomou a primeira posição de Verstappen. Ambos chegaram a se tocar ainda na primeira volta, mas nenhum dos carros foi danificado e nenhuma punição foi aplicada aos pilotos.
A polêmica na corrida começou quando Nicholas Latifi, que vinha em 14º, levou a pior em um duelo com Mick Schumacher na volta 53. A batida resultou em safety car na pista. A essa altura, Hamilton tinha 14s9 de vantagem para o holandês da Red Bull.
Sem nada a perder, a Red Bull chamou Verstappen para os boxes na volta 54, arriscando com pneus macios.
Foi quando o diretor de provas Michael Masi cometeu dois erros. Isso porque tinha vários retardatários entre os cinco primeiros colocados.
Segundo a regra, o diretor de prova precisaria permitir que todos eles tirassem as voltas dadas pelos líderes para se juntar ao fim da fila antes de autorizar o reinício da prova.
Além disso, ainda de acordo com o regulamento, Masi teria de esperar os retardatários se juntarem ao fim da fila para só depois mandar o safety car de volta para os boxes.
Porém, realizou o procedimento apenas para os carros que separavam Hamilton, o líder da prova, de Verstappen, o segundo.
Além disso, não esperou os retardatários se juntarem ao fim da fila antes de mandar o carro de segurança para os boxes, o que possibilitou a realização de uma última volta.
Neste momento, havia bastante pressão nos rádios, seja da Mercedes ou da Red Bull.
Com essas decisões do diretor de prova, Max Verstappen, que foi aos boxes em uma manobra arriscada e estava de pneus macios, teve a brecha que precisava para superar Hamilton, de pneus duros e bem gastos àquela altura, no giro final.
Caso Masi tivesse seguido o regulamento, porém, a corrida poderia ter sido encerrada em regime de safety car, o que daria a vitória da corrida e o título da temporada a Lewis Hamilton, que não seria ultrapassado.
Foi com esse pensamento que a Mercedes não chamou o heptacampeão para os boxes, para também colocar pneus macios, por entender que a corrida terminaria com safety car na pista.
A FIA reconheceu o “erro humano”, que levou à demissão de Michael Masi, mas a organização da F1 disse que os resultados “do Campeonato Mundial de 2021 são válidos, definitivos e não podem ser alterados”.
Petição para dar título de 2021 a Hamilton reúne mais de 100 mil assinaturas
Uma petição on-line foi criada em 12 de dezembro de 2021 para alterar o resultado do GP de Abu Dhabi daquele ano e dar o título da F1 a Lewis Hamilton, reúne até o momento 108.603 assinaturas, com meta de atingir 150 mil adesões.
“Eu acredito que a justiça não tenha sido feita em 12 de dezembro de 2021, quando os comissários da F1 tiraram a vitória de Lewis Hamilton no GP de Abu Dhabi. Com uma volta para o fim, alguns retardatários foram autorizados a passar o safety car, o que fere o regulamento da F1. Isso criou a oportunidade para que Max Verstappen ultrapassasse Lewis Hamilton e vencesse o Grande Prêmio. Se você luta por justiça, honestidade e equidade, por favor assine esta petição. Deixar a decisão do jeito que está mandará uma mensagem muito errada aos novos e futuros pilotos”, observa no texto o autor do abaixo assinado, o britânico Patel Gordon-Bennett, que criou a petição virtual no site Change.org.
Com apoio maciço dos fãs à adesão ao documento, ele luta para retirar o título de campeão 2021 de Verstappen.
Por E. Cortez / Fotos: Reprodução