O município de Rio Claro atingiu nesta semana 339 casos confirmados de dengue, dois óbitos e uma terceira morte suspeita em investigação. Com isso, a cidade passou para o patamar de epidemia caracterizado quando o coeficiente supera 300 casos por 100 mil habitantes, o que configura alta taxa de transmissão.
Diante desses números, a prefeitura de Rio Claro decretou nesta sexta-feira (15) situação de emergência em saúde pública e anunciou um plano de contingencia com ações para o enfrentamento à doença. O decreto foi publicado nesta sexta-feira (15) no Diário Oficial do município.
“Nós estamos empenhadíssimos com o enfrentamento dessa epidemia que é veiculada em todos os meios de comunicação e é uma questão presente para famílias do estado de São Paulo e do Brasil. Nosso objetivo é traçar um plano de combate efetivo para agora, mas também para o próximo ciclo”, comentou o prefeito Gustavo Perissinotto na reunião realizada no paço municipal. Gustavo frisou a importância do engajamento da comunidade. “As ações serão mais efetivas e eficazes com o apoio da população”, comentou.
O presidente da Fundação Municipal de Saúde, Marco Aurélio Mestrinel, informou que o plano foi criado no ano passado para que, se tivesse epidemia, já se saberia o que fazer. Ele observou que com a epidemia decretada, o município pode solicitar aporte financeiro dos governos estadual e federal para custear as ações de combate à dengue sem onerar os cofres municipais.
Mestrinel reforçou a fala do prefeito sobre a participação popular na luta contra o mosquito Aedes aegypti. “As ações de prevenção passam pela prefeitura com os serviços de saneamento básico, pela Fundação de Saúde com orientação e bloqueio do vetor, mas o mais importante é a população fazer a sua parte”, destacou. Isso porque 70% dos criadouros do mosquito estão localizados dentro das residências.
Plano de contingência
O plano de contingência foi apresentado pela médica infectologista Suzi Berbert, coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Rio Claro. De acordo com ela, o plano tem 129 ações específicas que levam em consideração o cenário epidemiológico do município, e envolvem outros segmentos além da saúde por meio da Sala de Situação.
Além da alta taxa de transmissão, com 339 casos confirmados de dengue, Rio Claro tem prevalência de circulação do tipo 2 da doença, mais propenso a causar casos graves. O tipo 1 é considerado “benigno” causando menos problemas. A maior incidência da dengue é na zona sul, especialmente nos bairros Jardim Novo 1 e 2. É dessa região o terceiro óbito suspeito em investigação.
Entre as ações do plano de contingência, Suzi destacou a realização de nebulização veicular nos bairros, reativação da Sala de Situação, ampliação da comunicação para informar e orientar a população, ampliação das ações de bloqueio ao vetor, realização de mutirões e criação de um centro de informações na casa amarela localizada no cruzamento da Rua 1 com Avenida no Centro. A iniciativa conta com apoio da Secretaria Municipal de Turismo. Um folheto informativo também será distribuído junto com as contas de energia.
Atendimento exclusivo
A prefeitura também irá implantar uma ala exclusiva para atendimento de pacientes dom sintomas de dengue que irá funcionar ao lado da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Avenida 29. “Essa ala irá atender e classificar as pessoas com dengue e direcionar o atendimento dos casos”, explicou Suzi. O serviço irá funcionar das 7 às 19 horas com médico exclusivo.
Os casos leves são encaminhados para ala específica na UPA da 29 e os casos que exigem internação serão enviados para a UPA do Cervezão, que tem espaço preparado com 20 leitos para esse tipo de atendimento. Conforme a infectologista, o paciente com dengue precisa ficar internado de 24 a 48 horas para hidratação e acompanhamento. Se necessário, a prefeitura tem acordo com a Santa Casa para ampliar o número de leitos em setor específico para atender casos de dengue.
A dengue tem sido tema recorrente nas sessões da Câmara Municipal. O vice-presidente do Legislativo, vereador Serginho Carnevale, reforçou a necessidade amplo engajamento na luta contra a doença. “A dengue é uma doença social que envolve a todos nós, por isso precisamos do apoio de toda a sociedade”, pontuou o parlamentar solicitando ajuda das imobiliárias e do Judiciário para agir em relação aos imóveis fechados ou abandonados.
Também participaram da coletiva a presidente do Fundo Social de Solidariedade, Bruna Perissinotto; os vereadores Val Demarchi, Geraldo Voluntário, Hernani Leonhardt, Adriano La Torre, Diego Gonzalez, Vagner Baungartner e Heitor Alves; o presidente do Conselho Municipal de Saúde Américo Valdanha; a chefe de gabinete da Secretaria de Mobilidade Urbana, Maria do Carmo Guilherme; e a assessora técnica da Fundação de Saúde, Raquel Picelli.
Por Ednéia Silva / Foto: Divulgação/Prefeitura