Estima-se que em 2020 tenham ocorrido mais de 1,9 milhão de novos casos e 935 mil mortes relacionadas ao câncer colorretal. Somente no Brasil, foram registrados 20.540 novos casos em homens e 20.470 em mulheres, com incidências estimadas de 9,1% e 9,2%, respectivamente. É, então, o terceiro tipo de câncer mais comum entre os homens e o segundo entre as mulheres, de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca).
Nesse contexto, o Março Azul-Marinho, campanha voltada para conscientização e prevenção da doença, e abraçada pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), emerge como uma oportunidade crucial para educar a população e promover exames preventivos.
Sintomas
Define-se por câncer um crescimento anormal das células, gerando o que chamamos de tumor. Especificamente o câncer colorretal localiza-se no intestino grosso e reto, explica o proctologista do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA- Ufal), em Maceió, Manoel Álvaro.
Segundo o especialista, inicialmente, a doença pode não apresentar sinais. Porém, caso apareçam, deve-se estar atento para indícios antes não perceptíveis, que persistam sem causa, como: alteração do hábito intestinal (diarreia e constipação, por exemplo); mudança do formato das fezes; sensação de nunca estar com o intestino vazio e sempre necessitando evacuar mais; sangramento nas fezes, com sangue vermelho brilhante; fezes muito escuras ou pretas; cólicas ou dor abdominal persistente; fraqueza e fadiga; perda de peso e anemia.
O público-alvo a ser investigado são pessoas acima de 50 anos, “porém, não deve ser motivo de desespero, pois, algumas doenças benignas também podem surgir com sangramento, a exemplo das hemorroidas, diarreia aguda, doença inflamatória intestinal. O mais importante é procurar um médico e de preferência o especialista, o proctologista”, completou Manoel.
Prevenção e diagnóstico precoce
A prevenção do câncer de intestino é dividida em duas partes: primária e secundária, conforme explica o gastroenterologista do Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes (Hucam-Ufes), Steban Sadovsky. “A prevenção primária visa mudanças no estilo de vida, onde incluímos dieta rica em fibra e pobre em alimentos processados, além do combate ao sedentarismo e à obesidade. A prevenção secundária visa fazer alguns tipos de exames antes de surgirem os sintomas”, informou o médico.
Quase sempre o câncer colorretal se inicia com um pequeno pólipo no intestino, por isso, quanto mais precoce for o diagnóstico, melhor será o tratamento. “Cada vez mais, temos campanhas de prevenção de câncer, mas é importante que façamos um lembrete que essas campanhas visam um diagnóstico precoce do câncer, não necessariamente a prevenção, mas o câncer colorretal é um tumor, que podemos dizer com segurança que é prevenível, pois quase sempre se origina de uma lesão benigna chamada pólipo”, elucidou o coloproctologista do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS), Carlos Henrique dos Santos.
Ele acrescentou que o pólipo é uma lesão que surge como uma espécie de “bolinha” no intestino, e pode ser identificado através da Colonoscopia. Portanto, o procedimento deve ser feito em qualquer pessoa com 50 anos ou mais, tendo ou não sintomas, tendo ou não histórico familiar de câncer.
O médico explicou que no exame a pessoa está sedada, logo não há dor ou desconforto. E se for diagnosticado pólipo, o próprio colonoscopista já poderá retirar, fazendo com que aquela lesão, que em alguns anos se tornaria um câncer, não aconteça.
“Remoção do pólipo previne surgimento do câncer. Tem de se perder o medo desse exame. Ele pode ser desconfortável no preparo, já que a medicação pode levar à diarreia, pois o intestino tem de ficar limpo para o exame ser bem-sucedido”, completou o especialista.
Especial atenção devem ter pessoas com fatores de risco não modificáveis, como: histórico familiar de câncer colorretal, genética com predisposição à doença; pólipos adenomatosos no intestino; idade acima de 50 anos; e doenças inflamatórias intestinais de longa duração (mais de 10 anos).
Nos casos em que há relação genética com o surgimento da doença, a recomendação é já começar a investigação com colonoscopia a partir dos 40 anos. “Porém, é importante observar que a hereditariedade só está relacionada a ¼ dos casos, o restante são os chamados de casos novos”, explicou Carlos Henrique, ressaltando esses dados, já que muitas pessoas se recusam a fazer o exame com o argumento de não terem histórico familiar.
No caso de o indivíduo já ter a doença diagnosticada, segundo Manoel Álvaro, o tratamento vai depender da localização do câncer colorretal e do grau de invasão, ou seja, se há ou não metástase e se houve aparecimento do tumor em outro órgão (fígado, pulmão, ossos e cérebro).
“Se for no reto, podem ser utilizadas a radioterapia e a quimioterapia antes de fazer a cirurgia, pois, em muitas vezes, esse tumor desaparece após utilizar esses recursos, sendo de fundamental importância o acompanhamento. Quando o câncer se localiza no intestino grosso, a cirurgia é sempre a primeira opção de tratamento”, informou.
Foto: Divulgação/Governo Federal