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Hoje vamos encarar um papo sobre o “carná”, tanto amado e tanto odiado ao mesmo tempo, mas que subsiste com essa aura de mistério, misturado com surpresa, com medo, com apreensão, que é o mundo das “máscaras”.
Máscaras e Segredos
No vasto panorama das tradições culturais que temos ao nosso dispor, as máscaras têm um lugar de destaque. Elas são símbolos de expressão, ocultação e transformação, e suas raízes remontam à antiguidade.
No teatro grego antigo, por exemplo, as máscaras eram usadas pelos atores para representar personagens e emocionar o público. Com feições muitas vezes exageradas e impressionantes.
Essas máscaras eram uma forma de permitir que os atores se distanciassem de suas identidades pessoais e mergulhassem completamente nos papéis que desempenhavam, ocultando-se atrás das mesmas, para fazer uma “imersão” no personagem.
A tradição das máscaras não se limitou apenas ao teatro; ela se espalhou por diversas celebrações culturais ao redor do mundo. Um dos exemplos mais notáveis dessas celebrações é o Carnaval de Veneza, que se tornou famoso por suas máscaras elaboradas e mascarados misteriosos.
Durante esse evento deslumbrante, as pessoas se vestem com trajes opulentos e cobrem seus rostos com máscaras artísticas e complexas. Muitas dessas máscaras são inspiradas nas tradições do teatro grego, incorporando elementos da comédia e tragédia clássicas para criar uma atmosfera de mistério e indulgência.
A analogia entre as máscaras do Carnaval de Veneza e o mundo dos super-heróis é fascinante. Super-heróis são ícones modernos que usam máscaras para ocultar suas identidades secretas enquanto lutam contra o crime e protegem a humanidade. Assim como as máscaras do teatro grego permitiam aos atores adotar papéis distintos, as máscaras dos super-heróis capacitam esses personagens a assumir identidades duplas: uma vida cotidiana e uma vida de combate ao crime (ou apologia ao crime, no caso dos vilões).
A analogia entre o carnaval e os super-heróis vai além da simples funcionalidade das máscaras. Ambos representam uma fuga da realidade, uma chance de viver uma vida alternativa, mesmo que por um breve período. No carnaval, as pessoas vestem-se de personagens fantásticos, libertando-se das amarras do cotidiano. Nos quadrinhos, os super-heróis encarnam ideais de justiça, coragem e esperança, oferecendo aos leitores uma visão de um mundo onde o bem prevalece sobre o mal.
A ligação entre as máscaras das histórias de origem dos super-heróis e as máscaras do Carnaval de Veneza é ainda mais profunda do que parece à primeira vista. Ambas representam uma “dualidade essencial” na natureza humana: a capacidade de assumir identidades diferentes e a complexidade de nossas próprias ”personas”.
Além disso, essas máscaras têm uma história rica e simbólica, que remonta séculos e que se entrelaça com as narrativas pessoais dos super-heróis.
Para compreender o significado das máscaras no Carnaval de Veneza e nas histórias de super-heróis, é importante retroceder no tempo até as origens das máscaras teatrais na Grécia Antiga.
Os antigos gregos, famosos por suas contribuições à filosofia, política e arte, também desempenharam um papel crucial no desenvolvimento das artes cênicas.
No século V a.C., os gregos introduziram a tragédia e a comédia como gêneros teatrais distintos, e o uso de máscaras desempenhou um papel vital na representação desses dramas. Na Grécia Antiga apenas os homens podiam atuar e usar as máscaras de teatro. Afinal, elas representavam tanto a tragédia quanto a comédia.
As máscaras permitiam que os atores projetassem suas vozes e expressões faciais para um grande público em anfiteatros ao ar livre, tornando a experiência teatral mais imersiva e dramática. Além disso, as máscaras tinham características exageradas, como olhos grandes, bocas largas e narizes proeminentes, tornando mais fácil para o público identificar os personagens e suas emoções.
As máscaras do teatro grego eram, portanto, ferramentas essenciais para a performance e desempenhavam um papel central na criação de uma experiência teatral única. No entanto, seu impacto não se limitava ao palco; elas também influenciavam a cultura grega em geral. As máscaras se tornaram símbolos reconhecíveis da tragédia e comédia, representando os altos e baixos da vida humana. Isso criou uma ligação profunda entre as máscaras teatrais e a própria essência da “experiência humana”.
À medida que avançamos no tempo, chegamos à magnífica cidade de Veneza, na Itália, onde o Carnaval de Veneza se tornou uma celebração icônica das máscaras e do mistério. Esta tradição começou no século XII e se estendeu até os dias atuais, proporcionando um espetáculo incrível que atrai visitantes de todo o mundo.
Durante o Carnaval de Veneza, as ruas estreitas e os canais sinuosos da cidade ganham vida com uma mistura de cores, música e, claro, máscaras deslumbrantes. As pessoas se vestem com trajes ricamente decorados, muitas vezes inspirados nas roupas do século XVIII, e cobrem seus rostos com máscaras elaboradas. Essas máscaras variam em estilo e design, desde máscaras simples e tradicionais até máscaras altamente ornamentadas e adornadas com penas, pedras preciosas e detalhes intrincados.
A tradição de usar máscaras no Carnaval de Veneza tem raízes profundas em sua história. Durante os séculos XVII e XVIII, a cidade era um importante centro cultural e econômico, e o Carnaval era uma maneira de celebrar a riqueza e a diversidade de Veneza. As máscaras ofereciam às pessoas a oportunidade de esconder suas identidades sociais e se misturar com as diferentes classes sociais, permitindo um breve escape das restrições da sociedade.
Essa intersecção cultural se manifesta vividamente no mundo dos cosplays, onde fãs de todas as idades se vestem como seus personagens favoritos de quadrinhos, filmes, e videogames, muitas vezes durante os carnavais. O cosplay, uma forma de expressão artística que combina costume (fantasia) e play (brincar), permite aos indivíduos assumir a identidade de super-heróis, vilões e outros personagens icônicos, criando uma ponte direta entre a tradição do carnaval e o fandom geek.
Através do cosplay, os fãs não apenas prestam homenagem aos seus personagens favoritos, mas também exploram aspectos de suas próprias personalidades e criatividade, em um espaço que celebra a diversidade e a inclusão.
Quem, afinal, nunca se fantasiou de super-herói no carnaval?
Em tempo: Quando pequeno, esperava sempre o carnaval para comprar aquela máscara do Batman, plástica, cheirando a plástico (memória olfativa, pois lembro do cheiro do plástico na cara) e pintada a mão.
Essa prática, tão comum entre crianças e adultos, reflete não apenas uma admiração pelos feitos e valores desses personagens, mas também um desejo intrínseco de experimentar, mesmo que momentaneamente, a sensação de ser alguém extraordinário.
A máscara do super-herói, assim como a máscara veneziana, oferece um véu de anonimato que libera o indivíduo das limitações impostas pela sua identidade cotidiana, permitindo-lhe explorar novas facetas de sua personalidade em um ambiente de aceitação e admiração mútua.
E aí, qual vai ser a sua máscara nesse Carnaval? De “Netflix”, no sofá da sua casa, ou de “Quem sou eu” na rua ou salões por aí?
Até a próxima, aventureiros.
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VAI ROLAR:
11 fevereiro – FAPAR – Araras – @fapar10anos
18 fevereiro – FESTIVAL NERDOLAS – SJCampos – @festivalnerdolassjc
Por: Celso Marcondes Filho / Fotos: Divulgação