“Nenhuma força virá me fazer calar.
Faço no tempo soar minha sílaba”. Tal frase, lapidada da canção “Muito Romântico”, composta por Caetano Veloso a Roberto Carlos, é um tanto propícia para tentar definir o cantor rio-clarense Valentim Silva que, ainda conforme a música, “canto somente o que pede pra se cantar. Noutras palavras, sou muito romântico”.
Apesar das dificuldades impostas, Silva se dedica à música há mais de meio século. O faz, sobretudo, pelo prazer de cantar. Nascido em Rio Claro no dia 10 de novembro de 1942, seu talento veio à tona de modo precoce. Começou se apresentando aos 13 anos no “Tia Joaninha”, programa infanto-juvenil, exibido em Rio Claro aos domingos. Posteriormente, passou a se dedicar a conjuntos musicais, dentre eles o Brumon, pelo qual se consagrou por mais de dez anos.
Foram muitos os bailes na Cidade Azul e em toda região em que se apresentou junto ao conjunto, fazendo ecoar sua já conhecida voz àquela época. Mais tarde, em meados da década de 60, passou a integrar a Orquestra Continental de São José do Rio Preto. De acordo com Silva, foram 13 anos de estrada. “Fazíamos bailes em diversos locais todo final de semana”, relembra. Silva também integrou a Orquestra Irmãos Florins e o Musical Stremus.
“Carinhoso”
O cantor foi proprietário do restaurante “Carinhoso”, que por muitos anos funcionou na Rua 2, entre avenidas 8 e 6, região central de Rio Claro. Quando da ocasião, às sextas-feiras (Noite da Seresta), sábados e domingos se apresentava ao lado de outros nomes. Tornou-se algo bastante tradicional e, mesmo com o fechamento do estabelecimento, que marcou uma época na cidade (junto a outros onde também havia apresentações musicais), um legado foi deixado.
Hoje, e já há anos, as apresentações podem ser desfrutadas aos domingos, no Jardim Público de Rio Claro, nas “Manhãs de Seresta”. Mesmo sem o devido incentivo, Silva e outras grandes vozes fazem chegar aos presentes o que de melhor a música brasileira já produziu. “Seguimos cantando por amor à música, na raça”, enfatiza.
Além de se apresentar “religiosamente” aos domingos, das 11 às 13 horas, também o faz em restaurantes. De acordo com Silva, muita coisa mudou. Há certos fatores que dificultam apresentações em estabelecimentos locais. Por isso, costuma fazê-lo mais frequentemente fora da cidade. Neste sentido, garante: “jamais será como antes”. Aos 76 anos, Valentim Silva persiste. A música, que desde muito cedo o moveu, continua ditando o ritmo de seu existir. “Eu não consigo parar”, admite.