Janeiro é o mês da campanha de conscientização e combate à hanseníase, instituída pelo Ministério da Saúde. No Janeiro Roxo, a Fundação Municipal de Saúde de Rio Claro realiza ações para informar a população e identificar novos casos da doença.
“As unidades de saúde estão intensificando as buscas de casos novos durante as visitas domiciliares, acolhimento e pré-consulta”, observa Valeska Canhamero, que coordena a Vigilância Epidemiológica municipal, acrescentado que também são realizadas palestras e murais informativos.
Na busca ativa uma das ferramentas utilizadas é o questionário de suspeição de hanseníase, desenvolvido pela USP. “É um instrumento que auxilia no rastreio e não deve ser utilizado isoladamente. É necessário também levar em consideração a história de cada pessoa, o possível contato com outros que já tenham tratado da hanseníase e também exames que podem ser realizados conforme a avaliação”, explica Vaniele de Souza, interlocutora municipal dos programas de controle de tuberculose e hanseníase da Vigilância Epidemiológica.
A hanseníase atinge nervos periféricos principalmente das mãos, pés e olhos causando dor, inflamação, câimbras, formigamento, dormência nas mãos e pés; diminuição ou perda da força muscular e sequelas muitas vezes irreversíveis. Além disso, podem aparecer manchas hipocrômicas (coloração mais clara do que ao redor) na pele com alteração de sensibilidade térmica e/ou dolorosa e/ou tátil.
A transmissão ocorre por vias aéreas superiores, por meio de tosse, fala e espirro de pessoas doentes e sem tratamento. O tratamento é realizado exclusivamente na rede pública de saúde.
De acordo com Vaniele, a hanseníase continua sendo uma doença negligenciada e carregada de muito estigma e preconceito, trazendo não somente sequelas físicas como emocionais. “É preciso apoiar a pessoa doente em seu tratamento para que ela o realize até obter a alta por cura. Não é preciso que a pessoa com hanseníase viva isoladamente, o convívio é normal”, pontua.
O Brasil continua sendo um dos países que mais detecta casos novos todos os anos da doença e ocupa o segundo lugar no mundo, sendo a Índia o primeiro lugar. Em Rio Claro, oito pessoas passaram pelo em tratamento da doença no ano passado, sendo que seis casos foram diagnosticados em 2022. O tratamento pode durar de seis meses a um ano.
“Quanto mais precocemente forem identificados e tratados os casos novos, mais chances de evitar sequelas e de quebrar a cadeia de transmissão”, ressalta Valeska. Em caso de sintomas, a orientação é procurar a unidade de saúde mais próxima da residência.
Foto: SMS de Mesquita RJ