O fato mereceu manchete de capa, no terceiro caderno do jornal Diário do Rio Claro, naquela edição de domingo, 16 de dezembro de 1973. A partida entre Rio Claro FC e Grêmio Esportivo Catanduvense era decisiva para as pretensões do Azulão da Rua 9 na sua luta pelo título inédito.
A equipe rioclarista precisava da vitória por qualquer placar para igualar-se ao líder Associação Esportiva Araçatuba e superá-lo no saldo de gols. À época, a vitória valia 2 pontos. O Araçatuba somava 6 e o Rio Claro, 4.
O redator esportivo do Diário, mencionava logo na abertura da matéria que, pela primeira vez, a Cidade Azul colocava um representante nas disputas finais da Primeira Divisão de Profissionais, cujo título, caso se confirmasse, seria o maior triunfo esportivo, até então, de nossa terra.
Conclamava também a mobilização dos torcedores rioclaristas, sugerindo que o estádio municipal (Schmidtão) receberia o maior número de pessoas desde sua inauguração.
O técnico rioclarista Gaspar externava ao repórter do Diário sua preocupação quanto à escalação do time. Ele tinha problemas inusitados com duas peças chaves do onze titular.
O zagueiro Aroldo e o avante Elson, haviam se acidentado de motocicleta em passeio pelas ruas da cidade, na segunda-feira que antecedia ao jogo e eram dúvidas para o duelo decisivo. O que complicava ainda mais as coisas para Gaspar que já não poderia contar com o atacante Gustavo, uma das maiores expressões do time rioclarista que cumpriria suspensão automática.
A provável escalação do Rio Claro era mencionada na matéria: Tonho, Elói, Adalberto (Jurandir), Aroldo (Adalberto) e Pedro Miranda; Foguinho e Paulinho; Nunes (Wilsinho ou Artur) e Canhoto. Na reserva, as opções de Gaspar eram Carlinhos, Jurandir, Calanzas, Rui, Carlos Franck e Ligão.
Prática comum no futebol em jogos decisivos, quando há interesse de terceiros, cogitava-se na reportagem a possibilidade de um “incentivo” do Araçatuba, então líder da chave, para o Grêmio Catanduvense, adversário do Rio Claro (vice-líder) e alijado da disputa pelo título. A equipe visitante alinharia com Wagner, Roberto, Colombo, Tião e Almeida; Edison e Moreno; Leacyr, Paulinho II, China e Paulinho.
O árbitro escalado para apitar o jogo era o renomado, à época, Alfredo Gomes, auxiliado pelos bandeiras João Leopoldo Ayeta e Ulisses Tavares da Silva Filho.
Na preliminar, algo impensável no dia de hoje, jogariam o time amador do Rio Claro FC e a representação da AA Vila Rezende de Piracicaba.
Para engrandecer ainda mais o espetáculo, a torcida organizada do Rio Claro FC, “Os Indaiás” preparava uma grandiosa passeata, a partir das 9 horas, pelas ruas da cidade, no dia do jogo.
A diretoria rioclarista, visando maior comodidade e incentivo aos torcedores e associados do Azulão solicitava a retirada dos ingressos para o jogo antecipadamente.
Apesar de toda mobilização da imprensa e meio esportivo local em favor do Azulão, as coisas não sairiam como desejadas, em um jogo tumultuado, polêmico e que até hoje suscita comentários entre os torcedores mais antigos.
O jogo acabou empatado em 1×1. Acontece que, o autor do gol do Catanduvense estava suspensão e não poderia ter jogado. O Rio Claro FC recorreu aos tribunais da Federação, que, todavia, manteve o resultado do jogo e o Araçatuba sagrou-se campeão. Naquele ano, não houve acesso à Divisão Especial (atual Série A1), regra que passaria a valer em 1976, com a ascensão do XV de Novembro de Jaú, do saudoso quarto zagueiro rioclarense Araújo.
Por Geraldo Costa Jr. / Foto: Reprodução