Decepção. Essa tem sido a triste rotina da seleção brasileira para com o seu torcedor. Já são três derrotas seguidas nas Eliminatórias Sulamericanas para a Copa do Mundo 2026. A mais recente, para a Argentina, em pleno Maracanã, por 1×0, na última terça-feira (21), gol de Otamendi, de cabeça, aos 27’ do segundo tempo. Minutos antes, Martinelli perdeu gol incrível cara a cara com o goleiro Romeiro, após belíssima jogada individual de Gabriel Jesus.
E olha que o Brasil enfrentou um Lionel Messi apagado em campo, que acabou inclusive substituído no segundo tempo, naquela que pode ter sido sua última partida em gramados brasileiros.
O Brasil tentou desde o início do jogo tomar a iniciativa do ataque, mas, na hora de concluir as jogadas, ficava evidente a falta de melhores recursos técnicos por parte dos jogadores brasileiros que hoje servem a seleção, algo inadmissível, em tempos idos. Erros de chutes, de domínios de bola, de posicionamento, de condução de bola foram muitos. E não se pode atribuir isso a falta de entrosamento. É falta de habilidade mesmo.
Uma seleção brasileira que cria duas ou três jogadas claras de gol em 90 minutos de jogo mais acréscimos não é digna desse nome. Presunção ou falta de entendimento, não se sabe, mas, é inadmissível a estratégia de jogo montada pelo técnico Fernando Diniz nas últimas três partidas, justamente, contra os adversários mais forte das Eliminatórias, Colômbia, Uruguai e Argentina.
Sem tempo para treinar, deveria o técnico da seleção brasileira optar por um esquema de jogo que melhor se adaptasse ao estilo dos jogadores por ele convocados. Mas não, cometeu a heresia de recuar Neymar, nos jogos em que o craque, o único que ainda temos hoje, atuou, para vir iniciar as jogadas na intermediária. Deve ter esquecido Fernando Diniz, que o craque, o jogador habilidoso, deve estar sempre perto da área adversária, para concluir as jogadas em busca do gol. E quando perde Neymar, obriga Rodrygo a fazer essa função, que, todos sabem, não é a dele. Aliás, Rodrygo que é apenas coadjuvante no Real Madrid, clube onde joga, continua devendo um melhor futebol quando atua pela seleção.
À duas constatações chega-se com facilidade depois de três derrotas seguidas nas Eliminatórias. Não temos atacante melhor que Vinicius Jr. e, mesmo assim, isso não significa muita coisa. E Neymar, quer queiram quer não, ainda é, a nossa maior e melhor referência internacional em termos de bom futebol. De Raphinha, Martinelli, Jesus e Cia. Bela não se pode esperar nada além daquilo que já demonstraram que podem fazer, o que é bem pouco em se tratando das exigências de uma seleção brasileira.
Diante da Argentina, deu pena do futebol brasileiro. Não se trata de falta de comprometimento, de maio empenho, porque essa geração, forjada no valor volúvel das aparências, não tem essas coisas para oferecer. Trata-se realmente, da incapacidade técnica mais apurada, para jogar um futebol à altura de uma seleção cinco vezes campeã do mundo.
Que Diniz não ficará no cargo, isso é favas contadas. E de quem virá substituí-lo, seja quem for, não se espere muita coisa. Talvez, consiga formar um time competitivo. Genial, encantador, apaixonante, nunca. Pois faltam jogadores para isso.
No Maracanã, a Argentina jogou como quis e sem sofrer sustos. Fechou-se no seu campo defensivo quando não tinha a posse de bola e nem teve dificuldades para fazê-lo devido à lentidão e falta de maior habilidade dos jogadores de meio-campo e dos laterais do time brasileiro, que poderiam tornar a equipe rápida e mais objetiva, tivessem recursos técnicos suficientes para fazê-lo e estivessem melhor posicionados em campo. Quando tinha a posse de bola, a Argentina trocava passes com facilidade e fazia o Brasil correr atrás.
Foi triste ver a seleção brasileira jogar. Tão triste e tão deprimente, quanto ao espetáculo dantesco provocado por ignorantes, nas arquibancadas antes do jogo, que resultou inclusive, no atraso do início da partida e pode acarretar inclusive, sanções à CBF.
Por falar em CBF, não seria exagero dizer que hoje não passa de uma agência de negócios, comandada por um presidente incapaz para exercer o cargo, que não consegue sequer contratar ou nomear um diretor geral de seleções, cargo imprescindível para melhor organização da entidade e, portanto, da seleção.
Bagunça. Descaso com a seleção brasileira. Esse é o resultado da administração Ednaldo Rodrigues, cujo cargo lhe caiu no colo, devido ao afastamento por assédio sexual, do ex-presidente Rogério Caboclo. Não seria exagero e nem injusto dizer que, hoje, a CBF e, por conseguinte a seleção, é apenas um meio de enriquecer alguns, cada vez mais.
A seleção só volta a jogar pelas Eliminatórias no mês de setembro do próximo ano, quando enfrenta o Equador, em casa, no dia 5. Até lá, muito provavelmente, já comandada por outro técnico, que assumirá a seleção em um modesto e preocupante 6º. lugar nas Eliminatórias. Antes, porém, o Brasil fará dois amistosos no mês de março, contra Inglaterra e Espanha, respectivamente. Mais vergonha vindo por aí? Tomara que não! Afinal, nem a seleção e nem o seu torcedor merecem isso.
Por Geraldo Costa Jr. / Foto: Reprodução/Getty Images